Recado eletricitário



Recado eletricitário

Externo aqui um pouco do meu sentimento sobre os acontecimentos das últimas semanas.

Após alguns anos sem participar dos movimentos, este ano resolvi contribuir com minha força de mobilização. Fiz isto após uma retrospectiva. Lembrei-me do que tem ocorrido nos últimos anos nesta empresa. E fica claro, não há dúvidas, algo está errado.

Retirada de direitos de um acordo coletivo histórico que durava décadas e que hoje está fraco, derrotado. Sim, derrotado. Vejam que o principal item para um trabalhador, a estabilidade de emprego, não existe mais.

Senhores abram os olhos... ESTUFEM os olhos. Esta Cemig não é mais aquela "mãe" como diziam há tempos atrás. Aliás, nem mãe, nem vó ou sequer tia. A cada ano vemos atitudes nada familiares e o quanto essa empresa está acabando.

Ficam cada vez mais claras as intenções da Cemig: Enxugar seu quadro de pessoal e diminuir cada vez mais o nível salarial daqueles que permanecem na empresa. Terceirizar cada vez mais, eliminando as chances de jovens concursados terem um emprego de qualidade. Criar formas de punição, centralizar nossos postos de trabalho, retirar direitos conquistados, enfraquecer e até exterminar os sindicatos, enriquecer cada vez mais a alta gerência e os acionistas e tantas outras coisas que todos estão vendo.

E o pior, companheiros, é que o cenário para acionistas e gerentes fica cada vez melhor. O lucro da empresa cresce a cada ano, economizando com a terceirização, enxugando o quadro com demissões e mais demissões, economizando em investimentos nas redes. E, ao mesmo tempo, eles têm uma categoria que não tem coragem de enfrentar tudo isso. Aí, senhores e senhoritas, fica fácil estabelecer cada vez mais esse sistema.

Quem poderia salvar nossa empresa somos nós, mas não nós que estamos aqui fora, mas os cerca de 7 mil trabalhadores espalhados pelo Estado.

A luta não é fácil! Talvez por isso a maioria não entre no combate. É uma luta suada, em que nos expomos ao sol e a chuva, como quando trabalhamos pela empresa, almoçamos nas ruas e transmitimos nossa luta para a população através de panfletos.

Gostaria de lembrar daqueles que paralisam, mas, infelizmente, não participam do movimento. Greve não é férias, senhores. Precisamos mostrar a nossa cara, precisamos agir. Quanto maior o movimento, mais forte ele é.


Quero lembrar, também, daqueles que chegaram há pouco tempo e que, além de não fazer parte desta grandiosa empresa, também não conhecem a história que aqui existe. Tenham consciência que a luta é bem maior que só ver quem fica de fora ou de dentro dos portões. Nossa luta é para ficarmos na empresa. É pelo nosso emprego. Pela vida dos trabalhadores que, quando são vítimas de acidente, deixam suas famílias desamparadas.

Nessa luta abrimos mão de receber nosso salário, mas sabemos que diante da vitória no fechamento do acordo, esse sufoco valerá a pena. E mesmo que a vitória não venha, teremos a dignidade e o orgulho de dizer que não fomos submissos a isto que querem nos impor. Submissão, essa é a palavra que temos em resposta a uma outra que nos foi direcionada: subversivos. Aliás, cambada de subversivos.

O Dr. Aurélio já dizia: Subversão: insubordinação ao poder constituído. Subverter: voltar de baixo para cima; revirar - agitar, sublevar - perverter, corromper. Mas, é isso senhores, é isso que queremos sim. Voltar de baixo para cima, revirar esta situação que o poder constituiu. Se há alguém que pode salvar esta grande empresa somos nós.

Vejam só como é difícil a batalha. Temos que lutar contra o poder que assola nossa empresa e que lutar com os que estão no mesmo barco que nós e, que além de não lutar, ainda tentam nos enfraquecer. A esses chamamos de submissos.

Tivemos que nos proteger, também, de um tiro com nome de ‘viadagem’. Sim senhores, nossa luta foi chamada de ‘viadagem’, também. E o pior, por gente que também está no mesmo barco. Pelo contrário, estamos sendo HOMENS, BRAVOS, GUERREIROS. Não estamos escondidos atrás da máscara da submissão e da vergonha e outras máscaras que estamos vendo cair nestes dias.

Vemos também os deboches a nossos companheiros que tentam conscientizar aqueles que têm dificuldade de estufar os olhos. Como a situação dos policiais militares, exposta e que realmente retrata o quanto estamos estagnados. Abram os olhos, senhores e senhoras. Estufem os olhos!

Enfim, senhores, quero parabenizar aqueles que, já prestes a se aposentarem, e que não necessitavam desses desgastes, estão lutando com a consciência que a estabilidade da empresa é a estabilidade de suas aposentadorias. Eles ajudaram a construir a Cemig com muito suor e agora não aceitam ver o declínio que está instalado. Parabéns, Amaro, Nunes, Valdir e outros.

Faço um alerta àqueles que ainda pretendem continuar na empresa: o futuro está cada vez mais claro. Na verdade, de claro não tem nada, ele é obscuro e é preciso ter força e coragem para virar o jogo.

No fim desse combate, podemos não conseguir nosso objetivo (o aumento real e a PLR que merecemos, o fim das terceirizações que causam tantas mortes dentre outros itens). Mas, se um dia perdermos a guerra e a empresa instalar totalmente seu objetivo, poderemos dizer aos nossos filhos e filhas que lutamos bravamente.


"O pior perdedor não é aquele que perde a batalha, mas sim o que desiste da guerra"


A batalha continua...

Carta de um eletricitário

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