Não era Black Friday, mas os motoristas e motociclistas que passaram na sexta-feira (29) pela região do bairro Rebouças, em Curitiba, tiveram uma agradável surpresa. Os trabalhadores da Petrobrás organizaram uma ação que distribuiu mil cupons de R$ 20 para abastecer com gasolina ou óleo diesel no Posto Petro Chile, no cruzamento das ruas Chile e Marechal Floriano.
A atividade foi um protesto contra os sucessivos aumentos da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha que acontecem por conta da política de preços dos combustíveis baseada na cotação do dólar e do barril do petróleo no mercado internacional.
“É um protesto contra os altos preços dos combustíveis no Brasil. Nós sabemos que o país pode ter combustíveis mais baratos, pois nós temos petróleo e as refinarias da Petrobrás, mas infelizmente esse preço está viabilizando a importação de derivados. O combustível está sendo cobrado em dólar da população, atrelado ao preço internacional, mas nós temos petróleo aqui. Nossa estimativa é que os preços dos combustíveis podiam ser pelo menos 25% mais baratos”, explicou Roni Barbosa, diretor do Sindipetro Paraná e Santa Catarina.
De acordo com Roni, outro fator que contribui para o aumento dos preços é a subutilização das industrias nacionais de petróleo. “A refinaria de Araucária está produzindo apenas 60% da sua capacidade. Poderia estar produzindo a 100%, diminuindo os custos, gerando impostos e empregos aqui, só que estamos gerando empregos fora do Brasil com esse preço. É algo que não interessa a nenhum brasileiro, só aos importadores”.
Diminuição da Renda Familiar
O motorista de aplicativo Dioney Santos Júnior disse que a cada aumento de combustível, a renda de sua família cai. “Quanto mais aumenta o combustível, mas diminui o orçamento para a renda familiar. Geralmente a gente trabalha com uma meta de combustível em um valor e toda vez que tem um aumento nós temos que fazer uma reformulação de meta, ou seja, temos que trabalhar ainda mais”.
Segundo ele, a ação do Sindipetro é válida. “Tem que fazer né (protesto), porque o governo tem que sentir também. Não é só o trabalhador e a população que está abaixo deles que tem que sentir um pouco o prejuízo. Eles têm que sentir que a população precisa da ajuda deles. Porque parece que para eles só o que ajuda é o aumento. Então, é como estão dizendo, a gente está ganhando em real para pagar em dólar”.
Deixar o carro em casa
A trabalhadora Marilyn Lisboa de Miranda sente no bolso os impactos dos aumentos. “Para mim é complicado. Eu rodo em torno de 200 km por semana. Eu moro a 22 km do meu trabalho, todo dia 44 km, é bastante coisa. Por semana é no mínimo uns R$ 50 a mais que eu estou gastando. Então no final do mês faz uma grande diferença”.
Para ela, o governo tem que se mexer. “Tem que baixar, né? É o único recado possível ao governo. A gente não tem como viver assim. Daqui a pouco vou ter que deixar o carro em casa”, lamentou.
Conscientização
Durante a ação, os petroleiros distribuíram panfletos que explicavam os problemas da crise dos combustíveis no Brasil, sobretudo a indexação dos preços ao dólar.
O protesto foi bem aceito pela população e teve grande repercussão na mídia, com cobertura de praticamente todos os grandes veículos de comunicação de Curitiba.
Fonte: CUT