O governo golpista anunciou um pacotão de privatizações que incluí as usinas da Cemig e a Eletrobras. Temer quer entregar a gestão da energia elétrica, que é estratégica para qualquer país, a preço de banana. O Grupo Eletrobrás, que incluí Furnas, Chesf, Itaipu e outras dezenas de empresas, possui 47 hidrelétricas, 114 usinas térmicas e 69 eólicas, com capacidade instalada de 47.000 MW, o que tornou a estatal uma das maiores geradoras de energia do mundo. A proposta é entregar todo esse patrimônio por R$ 20 bilhões.
O jornalista Luis Nassif fez o cálculo do prejuízo: o preço estipulado da Eletrobras paga somente 17 dias dos juros da dívida pública brasileira. Além disso, R$ 20 bilhões não valem nem a metade da usina de Belo Monte. Nasciff avaliou que a privatização é uma aberração e o governo estará abrindo mão de uma empresa estratégica para o país. Todo o povo brasileiro também vai ser penalizado com aumentos estrondosos e permanentes na conta de luz.
“É realmente inacreditável o nível de improvisação, cegueira estratégica e leviandade atrás desse tipo de decisão de quebra-galho financeiro”, criticou Luis Nassif.
O professor de Engenharia da USP, especialista em energia e diretor da Petrobras, de 2003 a 2008, Ildo Sauer, avaliou que a privatização da Eletrobras “é um desastre continuado e vai aprofundar os problemas do setor elétrico, além de aumentar os preços das tarifas. Segundo ele, “é uma pau de cal em tudo”.
“A impressão é que tem um bando de gangsteres ou de ratos que estão vendo o navio afundando e tentam abocanhar o resto de queijo, de riqueza, para se locupletar enquanto o navio não afunda. É importante dizer que o que esse governo está fazendo com essa ousadia (vender a Eletrobras e também impor reformas para tirar direitos), essa audácia e ausência total de legitimidade, é um acinte à democracia”, afirmou Sauer.
O professor avaliou também que o sistema elétrico estará mais em risco de apagão com a privatização, pela visão de produzir energia elétrica para atender o mercado e obter lucro acima de tudo.
CUT e CNU: crime de lesa-pátria
A CUT e a CNU (Confederação Nacional dos Urbanitários) divulgaram nota contra a privatização da Eletrobras, destacando que a luta dos trabalhadores para impedir mais um “crime de lesa-pátria” deve se intensificar. As duas entidades afirmam que, vender a Eletrobras significa abrir mão da soberania energética e condenar milhares de brasileiros à privação do acesso à energia.
61% dos brasileiros são contra privatizações
Pesquisas feitas desde o governo de FHC (PSDB), outro governante que entregou vários patrimônios dos brasileiros com o programa de privatizações (e só não entregou tudo porque não houve tempo), apontam que 61% da população do país é contra a privatização.
Histórico
A construção da Eletrobras foi proposta pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1954, e a sua inauguração ocorreu no governo de João Goulart. A empresa exigiu investimentos do povo brasileiro em valores atuais de R$ 400 bilhões. O modelo elétrico brasileiro foi implantado por meio de uma obra de engenharia com o pensamento estratégico de especialistas no setor, que foram funcionários da Cemig - Octávio Marcondes Ferraz, Mário Thibau e Mário Bhering.
O Grupo Eletrobras produz e fornece 40% de toda energia do país e detém 60% das linhas de transmissão. A empresa participou da maioria dos programas de expansão da produção de eletricidade no Brasil, diretamente ou através de suas controladas, especialmente Eletronorte e Furnas. A estatal foi retirada do Programa Nacional de Desestização pelo ex-presidente Lula.