Presidente de Caixa é acusado de assédio sexual



Presidente de Caixa é acusado de assédio sexual

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está sendo acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. Após se unirem e denunciarem a suposta conduta do chefe máximo da instituição às autoridades, no final do ano passado, o caso está agora nas mãos do Ministério Público Federal (MPF), que o investiga sob sigilo. As informações foram reportadas com exclusividade pelo jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles.

Bolsonarista convicto, o que o fez ganhar proximidade com o núcleo central do poder em Brasília, o carioca Pedro Guimarães era um economista com longa carreira em instituições financeiras privadas, até o convite de Jair Bolsonaro, logo após sua eleição, para assumir o gigante estatal de 161 anos, fundado ainda no Império.

Pedro Guimarães é bolsonarista de carteirinha e é figura frequente em eventos ao lado do presidente (Foto: Isac Nóbrega/PR)
De lá para cá, Guimarães está cada vez mais presente nas cerimônias, compromissos e transmissões ao vivo pela internet do presidente, que utilizou sua figura especialmente no período da pandemia, por conta dos auxílios pagos pela Caixa aos brasileiros.

Vídeos em que Guimarães age como um coach e fala de forma humilhante com servidores do banco público, fazendo alguns inclusive darem cambalhotas e praticarem flexões de braço, durante dinâmicas de grupo, já tinham provocado acusações contra o presidente da Caixa.

Porém, as denúncias de assédio sexual de agora são muito mais graves e acertam em cheio uma das figuras mais próximas e de maior confiança do presidente da República.

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Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com Pedro Guimarães por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.

A reportagem do Metrópoles diz que conseguiu contato e entrevista com cinco das mulheres que acusam Guimarães e os depoimentos delas são fortes e contundentes. Embora elas tenham sido nomeadas na matéria original, presumivelmente com identificações fictícias, aqui elas não serão caracterizadas de forma alguma.

Confirma os trechos das acusações:

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das depoentes sobre a conduta geral do presidente da Caixa.

“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.

“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange. Ele praticamente nunca tinha me visto antes. Eu falei que não ia”, disse uma bancária que o acusa de ter dado um beliscão em seu corpo e de tê-la chamado para nadar, sem sequer conhecê-la.

“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, revelou outra servidora da Caixa, dizendo que escutou de um de seus auxiliares a seguinte pergunta: “E se o presidente quiser transar com você?”. “Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios”, falou uma das mulheres que acusam Guimarães sobre o hábito dele de aparecer no quarto delas, nos hotéis, durante viagens.

“Pânico” e “medo”

“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico”, narrou uma funcionária sobre o suposto assédio.

“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem cueca. Muito ruim a sensação”, contou uma das denunciantes sobre uma das investidas que sofreu num hotel.

“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas. Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater”, disse uma funcionária que afirma também ter sido assediada

Por Henrique Rodrigues | Revista Fórum

 

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