Presidente da Gasmig exalta eficiência, mas insiste na defesa da privatização



Presidente da Gasmig exalta eficiência, mas insiste na defesa da privatização

Em uma live promovida pelo jornal O Tempo, o presidente da Gasmig, Pedro Magalhães, abordou sobre os investimentos da subsidiária da Cemig, elogiou a empresa, revelou que é uma companhia lucrativa e eficiente, mas voltou a defender a privatizaçaõ. É uma questão de visão: ele acredita que, como estatal, investe-se menos, devido a restrições legais, e, por isso, deve vender. O foco dele é o mercado; o lucro vem em primeiro lugar. Mas outra visão é possível: fornecimento de gás é uma área estratégica para qualquer país, garante a sobrevivência do povo e contribui com o desenvolvimento da nação. Podemos aliar estatal com muitos investimentos e lucros. Se a lei atual limita, por que não discutir com a sociedade uma legislação que prioriza as necessidades da população, garantindo-se que as estatais possam investir - e em cima do seu próprio lucro - de forma a combinar necessidades sociais e investimentos eficientes? O povo precisa ser ouvido e contribuir com propostas em seu próprio benefício.

#Nãovaleprivatizar

 

Confira matéria do jornal O Tempo:

 

Mesmo com a pandemia, Gasmig deve investir R$ 80 milhões neste ano

O presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), Pedro Magalhães, foi o convidado da terça-feira (8) para abrir a semana de discussões na Live do Tempo sobre o setor de petróleo, gás e energia. O dirigente falou sobre as expectativas de abertura de capital da empresa, que pertence ao governo do Estado, além dos investimentos na expansão da rede de oferta de gás nos municípios mineiros. Ao todo, a expectativa é de um investimento de R$ 80 milhões. Magalhões ainda citou o projeto de construção do gasoduto entre Betim, na Grande BH, e Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, que deve receber R$ 300 milhões nos próximos três anos.

 
Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Em 2019, a Gasmig teve um lucro líquido de R$ 165 milhões. Neste ano, qual vai ser o impacto da pandemia nos resultados e projetos da companhia?

Na Gasmig, o impacto na parte residencial, das obras, não foi grande. Continuamos fazendo as intervenções, já que são empresas terceirizadas. Agora, o impacto de fazer as ligações foi grande, porque nós temos dificuldade de entrar dentro da residência das pessoas, até porque você pode levar a doença para esses locais. Na área industrial, estamos com grandes projetos, igual o gasoduto que vai ligar, saindo de Betim, continuar a Igarapé, Juatuba e até Divinópolis. Esse é o maior projeto que temos hoje, investimento pelos proximos três anos para fazer um gasoduto deste porte, com investimento de R$ 300 milhões. E também temos um gasoduto que é muito importante para Minas Gerais. Ele é pequeno, de 27 km, mas liga Bragança Paulista a Extrema. A cidade hoje é uma dos maiores polos industriais que temos em Minas; para se ter uma ideia, hoje há caminhão vindo de São Paulo, e tem outras empresas também, como em Pouso Alegre.

Então, vai ser muito com essa nova lei do gás, um dos poucos pontos positivos dessa legislação. Antigamente, os gasodutos eram por concessão, agora é por autorização. Caso apresente um projeto para a Gasmig que tenha viabilidade, o que se cruza pelo Estado é um gasoduto de transporte. Dentro do Estado, não precisa pedir autorização a ninguém, só as leis ambientais das cidades. Então, isso foi um benefício que trouxe. E tem também o assunto do Triângulo Mineiro, nós estamos sempre tentando levar gás para lá. 

Quais os investimentos previstos para este ano?

No essencial, este ano tinham certos bairros, em Belo Horizonte, como Coração de Jesus, estamos neste momento fazendo aquele complexo da região do Luxemburgo e toda a Cidade Nova e projetados para fazer o complexo do Alphaville. Onde agarra um pouco, é muito difícil hoje pegar um projeto e conseguir tirar o alvará, principalmente em Belo Horizonte. É onde a Gasmig faz seus maiores investimentos. Mesmo com a pandemia, caímos de investimento de R$ 120 milhões para R$ 80 milhões. Além disso, temos investimentos que dá para o veicular, de aplicativos e táxi, dá R$ 2.000 para ele converter o veículo. E agora estamos andando com um projeto novo na Gasmig, que é dar o kit para o motorista que usa o táxi ou aplicativo, só vai pegar e levar na fornecedora. Estamos planejando comprar 4.000 kits e onde que faz a doação, ele vai custar R$ 2.000 e sair por R$ 800 para converter o carro para gás. Isso significa que hoje você anda com R$ 50 quase 250 km a gás e 120 km a gasolina e 132 km a etanol. Para um motorista que anda muito, isso é muito bom. Com metade do gás, você anda o dobro hoje. 

Os outros investimentos, os gasodutos, demoram um pouco porque tem que licitar o projeto, desapropriar as áreas de servidão, depois da execução de obras. Entre começar e colocar, já está andando dentro da Gasmig. O de GNL, não temos jeito em Minas Gerais de chegar a Montes Claros e outros lugares, como no Vale do Jequitinhonha, fazer os corredores, que está projetado nas principais estradas. Para ter um projeto de gás para o Brasil, não tem jeito de não fazer os corredores de Minas Gerais. Como que eu vou pegar, sair com um caminhão a gás e levar até Montes Claros se não for gás GNL? Compacta o gás para líquido, chega até a cidade, multiplica por 650 vezes o volume. Estamos andando em duas frentes, uma empresa que chama Goula, de Londres, que, fora a Petrobras, é hoje a única empresa que tem terminal de receber navios em Sergipe. Vai estar conectada ao sistema de gasoduto no Brasil, que, pela nova lei, quem tiver conectado, vai poder injetar em Sergipe e a Gasmig comprar. Ele está estudando trazer uma estação GNL parada em algum lugar do mundo e instalar em Minas Gerais. Paralelamente a isso, eu estou conversando com a Petrobras e eles gostaram da ideia de vender para a Gasmig um gás a preço diferenciado para fazer esse projeto de GNL.

Qual é o projeto da companhia para aumentar o consumo do gás nas residências?

O gás dentro da Gasmig, no futuro, vai ser uma ferramenta de entrar dentro da casa da pessoa. Queremos agregar diversos produtos a isso, para se ter uma ideia, a empresa no Rio de Janeiro, se a sua televisão queimar, ela faz um seguro, troca, arruma, quem tem a energia solar, coloca um aparelho que no dia que não tem sol o gás entra e faz o aquecimento no lugar dela, tudo conjugado. Por isso que eu falo, sempre a importância da abertura do capital e da privatização da empresa. Se for uma empresa de capital fechado, já pensou de ter de fazer uma licitação para comprar lâmpada, imagina se acabar e precisar fazer outra licitação, tem que ficar 90 dias. Esse é o problema de ser estatal.

Há previsão de abrir o capital da Gasmig na bolsa de valores neste ano?

Primeiro tivemos que acertar, porque a concessão da Gasmig vencia em 2023, então é muito difícil abrir o capital de uma empresa com a concessão vencendo em um curto prazo. Fizemos um acerto com o governo de Minas e já efetuamos os pagamentos por mais 30 anos de concessão, isso dá uma valorização muito grande para a empresa. Junto a isso, a Cemig, de um presidente, que entrou o Reinaldo. É uma pessoa mais de mercado, tem dado todo o suporte para a Gasmig. Temos que responder tudo a Cemig e não é fácil. Tem a documentação na CVM, quase ficando pronto, para abrir o capital. Esse é o primeiro passo. Isso está bem adiantado. No segundo passo, está o Reinaldo, presidente da Cemig. Quem manda na Gasmig é a Cemig, que é dona dela, então já está andando em paralelo. E o terceiro passo é ir para a Assembleia autorizar, porque tem que ter referendo popular ou vai para mudar a lei, que é o caminho mais curto. Não vejo dificuldade em aprovar a Gasmig para abertura de capital. Eu falo todo dia que é a sobrevivência da empresa, com essa nova lei agora como uma estatal vai concorrer no mercado livre de consumidor e produtor? Mas eu acho que temos muita chance de até o final atingir esse objetivo. Se não tiver a abertura de capital, a Gasmig não vai conseguir atender o público de Minas Gerais. A empresa é rainha da coroa hoje no mercado de gás. Tem só três empresas, que somos nós, a a Petrobras, e a Comgás de São Paulo. Deve ter 20 empresas no mundo querendo entrar no mercado de gás do país, e todas estão de olho na Gasmig, todo dia alguém quer informação da Gasmig.

O que é mais fácil, abrir o capital ou ser privatizada?

O melhor é ser privatizada, isso que o mercado quer. Quando privatiza uma empresa, vai para o capital aberto, tem um preço muito maior. Agora só abrir o capital, vender 49% e ficar o contorno da mão do governo, não vai ter essa valorização no mercado. Podemos caminhar, passando na Assembleia, e eu acredito que o governador Romeu Zema, que fala até em privatizar a Cemig, mas no caso da Gasmig, vai para a privatização mesmo, não só abertura de capital.

A expansão da cobertura de gás em BH, muito concentrada no entorno da avenida do Contorno, está atrelada a privatização ou a abertura de capital?

O nosso projeto de investimento é independente da privatização ou não. Ele só deu uma desacelerada porque no ano passado tivemos as enchentes, Belo Horizonte não pode trabalhar no mês de dezembro por conta do Natal, nas áreas mais centrais. Não podemos trabalhar no mês do Carnaval, porque o evento virou uma festa do Brasil e do mundo. E tivemos as chuvas que foram até maio, que furou rede, inviabilizou. E depois veio a pandemia, mas mesmo assim vamos chegar a R$ 80 milhões de investimento em uma previsão que ia de R$ 120 milhões. Vai depender também de pandemia, porque não justifica a Gasmig só ir enterrando cano e não entrando dentro das residências. Por isso, um pouco, estamos neste momento olhando outros projetos, importar carretas para levar gás. As carretas que se têm hoje transportam oito mil metros cúbicos, as novas do exterior, que traz da China e dos Estados Unidos, transportam 16 mil metros cúbicos. E tem a de GNL, que transporta 30 mil metros em líquido, e chega lá na frente e vira 18 mil metros cúbicos, é a tecnologia. O mundo está mudado demais, os carros híbridos, ano passado fui a duas feiras de carros, o carro híbrido a gás, a pessoa gasta 30% a menos de gás e na própria ferragem vai recarregando. Temos que acompanhar isso, não podemos ficar para trás.

Como está encarando a abertura do mercado livre de gás?

Estou em Brasília há três semanas acompanhando essa nova lei. Temos de negociar diversos pontos e hoje me sinto até decepcionado, e o próprio mercado também ficou. A lei tinha diversos pontos, um inclusive inconstitucional. A concessão é do Estado ou de uma companhia, como a Gasmig. Então eles querem tirar do meio, através desse novo projeto, entregar gás para as empresas sem a participação da Gasmig. Esse não é o caminho, o melhor teria sido igual propusemos. Eu pago o transporte de gás para usar o gasoduto, vou dar um exemplo de um que temos que pega de Congonhas e vai até a Cenibra, Belo Oriente, Ipatinga, que representa esse ramal e deve ser 70% do nosso consumo. Então, esse gás, até chegar em Congonhas, eu pago a NPS o transporte. O que teria de acontecer, para usarem esse gasoduto que a Gasmig construiu, teriam de pagar, esse é mercado livre, igual as empresas de transmissão de energia. Esse seria o melhor caminho, copiar o modelo de transmissão de energia. A coisa boa que teve é que agora o gasoduto é de autorização, não concessão mais. Isso facilitou. E a grande decepção foi de não ter vindo no projeto as termelétricas de base. Vou te dar um exemplo, que é o maior projeto do Brasil, que já está pronto e vai começar a obra amanhã, é o gasoduto saindo de São Carlos, passando por Uberaba e Uberlândia, Goiânia, Anápolis e Brasília. Onde se colocaria uma termoelétrica em Brasília, poderia colocar uma em Uberlândia e outra em Goiânia, funcionando o ano todo a gás, ela viabilizaria o consumo e pagaria todo o investimento. O mercado todo esperava esse projeto e acabou não vindo. No final, o projeto ficou muito aquém do que esperava. Todo o mercado financeiro e as empresas aguardavam a universalização do gás no Brasil. Vamos tentar agora no Senado para que conserte esse projeto. Eu acho que acabou não atendendo ninguém. Até facilitou importar o gás, mas já tinha o acordo da Petrobras com o Cade que vendeu a parte ociosa do que não usava no gasoduto.  Eu posso comprar de qualquer parte do mundo. A Gasmig chega, para o návio, injeta no terminal e eu pago aqui o transporte e a molécula. 

A Gasmig, depois de 32 anos, pela primeira vez conseguiu igualar o preço do gás ao de São Paulo, de R$ 1,54. Veio a crise mundial que deu uma esfriada e a pandemia, mas mesmo assim hoje o mercado brasileiro não vai voltar com aqueles preços altos, apesar de ser corrigido pelo dólar e o petróleo, mas temos esperança com essa abertura de comprar gás de outra origem, não só da Petrobras. A Petrobras está limitado pelo Cade, vai ter de vender refinarias, essa abertura vai ter mais espaço para ter acesso a um gás mais barato para atender os consumidores. Nas indústrias de Minas Gerais, a importância desse preço que conseguimos igualar é um negócio importantíssimo. São Paulo recebe gás no mix dele 20% mais barato que o nosso, porque recebe o gás da Bolívia e nós não recebemos. Isso que nós conseguimos foi uma grande vitória, não só para a indústria, como os consumidores de Minas Gerais.

Você fez as críticas a essa nova legislação sobre o gás no país, mas ela não traz nenhum benefício ou preço melhor para o produto?

Quando a Petrobras fez o acordo com o cade de abrir mão da capacidade ociosa dos gasodutos, o que a empresa fez? Vendeu os gasodutos, mas comprou 100% da capacidade, só que ela usa cerca de 40% só. A partir do momento que ela liberou essa ociosidade para o mercado, nós vamos poder comprar o gás de outras origens, vamos ter essa liberdade. Mas essa lei nova poderia ter trago muito mais liberdade, isso acontecer mais rápido. A Petrobras já passou para a ONP o que tem ocioso e a entidade tem que precificar o preço que vamos pagar para receber um gás que seja de Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro ou da Bolívia, vai estar tudo interligado. A partir do momento que estiver precificado, nós podemos comprar. A Gasmig tem que comprar até 2023 no minimo 1 milhão e 850 mil metros cúbicos por dia. Acima disso, nós podemos comprar do mercado. Se você imaginar, hoje, na pandemia, tivemos média de dois milhões, já estamos acima. Além disso, a Gasmig vem trabalhando. Só na pandemia, fizemos uma mudança no escritório que trouxe uma economia de R$ 2 milhões ao ano, estamos chegando a uma economia de R$ 10 milhões ano. Não só precisamos abaixar o preço do gás, mas também o custo da empresa, que é também importante para vender um gás mais barato.

A demanda de gás para os veículos está concentrada nos motoristas de táxi e aplicativo?

Para o consumidor comum, damos um incentivo de R$ 1.000. Para o aplicativo e táxi, o valor é de R$ 2.000. Eles abastecem duas vezes por dia, o cidadão comum abastece uma vez por semana. É viável e econômico. Tem que ter uma política em Minas para aumentar a frota de carro. Já temos a isenção no IPVA, mas queremos consertar a lei para valor no ano em que comprar e também no seguinte. Mas o gás tem que ter um projeto de país. Um tempo atrás o Luz para Todos levou energia para qualquer lugar do Brasil. Tivemos o Minha Casa, Minha Vida, que abaixou o preço da prestação ao mesmo patamar do que era com o aluguel. O governo federal tem que fazer um projeto de gás para o Brasil, igual temos que fazer um também para Minas Gerais. Mas só vamos conseguir fazer isso quando a empresa tiver privatizada, muito difícil executar um projeto desse com a empresa pública.

Há previsão de crescimento da oferta de postos em Minas Gerais que permitem abastecer o carro com o gás?

Estamos bem adiantados nesse projeto e trabalhando nele. Hoje para ir ao Rio de Janeiro, é possível por exemplo a pessoa abastecer em Barbacena, Conselheiro Lafaiete e Juiz de Fora. Já no Estado do Rio, tem posto em todo canto. Hoje temos posto em Ipatinga, Governador Valadares e Ubá. Para ir ao Espírito Santo, é um projeto nosso colocar um posto em João Monlevade, Realeza e Manhuaçu, na divisa do Estado já tem, além de dois em Teófilo Otoni, no caminho para a Bahia. Vamos colocar também em Pouso Alegre, trevo de Varginha e Três Corações. O ideal é quando consegue casar a cidade com a estrada. É o caso de Muriaé, Além Paraíba, Leopoldina. O posto atende a cidade e estamos preparando para fazer os corredores em Minas Gerais. Esse é o projeto mais rápido. O que a Gasmig faz é comprar 40 compressores para fazer uma parceria com os postos, é um investimento de R$  40 milhões para adaptar 40 postos para oferecerem gasolina.

 

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