Presidente da Cemig Telecom renuncia por discordar da privatização



Presidente da Cemig Telecom renuncia por discordar da privatização

Prestes a ser privatizada pelo governo de Minas, a Cemig Telecom, subsidiária de serviços de telecomunicação da Cemig, enfrenta uma crise interna. Na última terça-feira, 31 de outubro. Aloísio Vasconcelos deixou o posto de presidente da empresa – o qual ocupava desde janeiro de 2015. Segundo interlocutores da administração estadual, a saída de Vasconcelos se deu por conta de divergências quanto aos rumos da empresa.

Com a privatização, o plano do governo estadual e da Cemig é diminuir gastos. Isso, segundo fontes da Cemig Telecom, levaria a uma “demissão em massa” de servidores e prestadores de serviço. Além da redução da máquina, a venda dos ativos da subsidiária da Cemig seria um atrativo: a avaliação da estrutura está estimada em R$ 193 milhões. “São apenas R$ 30 milhões a mais que o faturamento projetado pela empresa para 2017”, diz o interlocutor.

Segundo relatos de empregados da empresa, Aloísio Vasconcelos teria dito que considerava inaceitável a ideia de demitir sumariamente mais de 300 colaboradores e vender uma “empresa rentável e autossustentável de maneira tão incoerente”.

Em conversa com o Aparte, Vasconcelos disse ter saído de forma serena e enalteceu os resultados da empresa durante a época em que esteve à frente do negócio. “Foi uma saída elegante, se me permite dizer. Civilizada, sem estresse algum para nenhuma das partes. Tenho uma história enorme na Cemig. Entrei lá como estagiário, fui diretor, ocupei vários cargos durante o tempo, então é uma relação muito fraterna. Saio de cabeça erguida”, disse.

Ainda segundo o ex-presidente da subsidiária, a Cemig Telecom vinha apresentando bons resultados desde 2015. “Expandimos de tamanho, de forma considerável, com cinco vezes mais clientes. O faturamento triplicou, passamos do déficit orçamentário para o lucro; além disso, a Cemig Telecom tornou-se uma empresa internacional, com clientes e ligações em vários países”.

Com a saída de Vasconcelos, o novo presidente da Cemig Telecom é o ex-superintendente de Expansão de Geração e Transmissão da Cemig Fernando Augusto de Campos. Criada para atender as demandas da companhia e prestar serviços para outras operadoras de telecomunicações, a Cemig Telecom diversificou o foco de atuação a partir de 2015, ampliando a rede de atendimento. Até o fim de 2014, o principal negócio da empresa era atender grandes “players” de telecomunicações no Brasil.

Uma fonte da Cemig informou ainda à coluna que a estatal tem também a intenção de vender sua parte na Light e nas usinas de Santo Antônio e Belo Monte, além da Gasmig. A Cemig espera arrecadar R$ 6,5 bilhões com a venda da Light. Pela segunda vez consecutiva, a assessoria de imprensa da empresa ignorou o pedido de resposta sobre a venda das subsidiárias. (Lucas Ragazzi)

Fonte: Coluna Aparte, publicada no jornal O Tempo

 

Cemig Telecom entra na mira das gigantes TIM e Vivo

Colocada à venda pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para quitar dívidas, a Cemig Telecom já tem uma gama de interessados. Entre eles, as gigantes da telefonia TIM e Vivo. Segundo fontes ligadas às negociações, a TIM estaria disposta a pagar algo em torno de R$ 500 milhões pela companhia. A possibilidade de investimento da Vivo seria mais robusta, ultrapassando os R$ 600 milhões. “Há, ainda, fundos de investimentos e um fundo canadense de olho na empresa”, disse a fonte, que não quis se identificar.

 A Cemig Telecom entrou no bolo de subsidiárias colocadas à venda pela Cemig, plano que foi oficialmente anunciado em junho deste ano. A energética avalia que, somados, os ativos que serão vendidos gerarão R$ 6,6 bilhões, quando considerado o valor patrimonial. A previsão da estatal é concluir as vendas entre 2017 e 2018, sendo que a meta é captar metade até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

“A Cemig está sujeita a restrições sobre a sua capacidade de captar recursos de terceiros, o que pode afetar adversamente seus negócios, resultados operacionais e situações financeiras”

Ata da AGE realizada em 26/10

Dívidas

O cenário não é bom para a Cemig. Além de perder uma batalha judicial para União e ver descer pelo ralo a operação de quatro usinas que representavam quase 50% da geração da empresa em setembro – entre elas São Simão, a maior do grupo –, a companhia amarga dívida de R$ 12,5 bilhões, a um custo real de 8,97% ao ano. Em caixa, ela tem apenas R$ 2,5 bilhões.

 A dívida líquida sobre lajida também preocupa. Ao final do segundo trimestre de 2017, o número, que indica a capacidade de a empresa honrar com compromissos do mercado era de 3,98 vezes. A linha de corte que determina credibilidade é 4 vezes.

O caixa da empresa, aliás, foi assunto da última Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Cemig, realizada na semana passada.

Conforme a ata da reunião, “a companhia assumiu um valor significativo de dívida para financiar os gastos de capital necessário para cumprir os objetivos de crescimento de longo prazo. Em 30 de junho de 2017, o passivo circulante consolidado da Cemig excedeu o ativo circulante consolidado em R$ 3,9 bilhões. Nessa data, os empréstimos, financiamentos e debêntures, de curto e longo prazos, da Cemig totalizaram R$ 5,19 bilhões e R$ 9,41 bilhões, respectivamente”, diz o texto.

No encontro, os acionistas aprovaram aumento de capital no valor de até R$ 1 bilhão, mediante emissão de 200 milhões de novas ações a um preço de R$ 6,57 cada.

Durante a reunião, ficou clara a preocupação da empresa com o elevado endividamento. Foi colocada em questionamento, inclusive, a capacidade de a empresa celebrar novos contratos e, até mesmo, refinanciar as obrigações existentes.

TIM, Vivo e Cemig não quiseram se pronunciar sobre o assunto.

Empregados temem demissões na companhia

Embora haja interessados em comprar a Cemig Telecom em pleno funcionamento, a Cemig não descarta a possibilidade de encerrar as operações da subsidiária e vender o patrimônio, avaliado em R$ 193 milhões, pouco a mais do que o faturamento da empresa, de R$ 170 milhões. A denúncia foi feita por um grupo de funcionários da subsidiária em nota enviada à imprensa. A renúncia do presidente da empresa Aloísio Vasconcellos, na terça, estaria ligada aos planos do grupo energético para a subsidiária.

 “O então presidente Aloísio Vasconcellos teria dito que considerava inaceitável a ideia de demitir sumariamente mais de 300 colaboradores e vender uma empresa rentável e autossustentável de maneira tão incoerente. Como não obteve sucesso em dissuadir a diretoria do grupo Cemig dessa ideia, preferiu renunciar ao cargo, que ocupava desde 2015”, diz o texto.

 Funcionário de carreira do grupo Cemig (ele entrou na empresa como estagiário), Aloísio Vasconcellos preferiu não detalhar os motivos que o levaram a renunciar, mas comemora os avanços do braço de telecomunicações do grupo. “A empresa cresceu na minha gestão, passou a atuar em oito estados, saiu do prejuízo para lucro, evoluiu de 200 clientes para 1091 e foi ao mercado internacional. Então, passou a ter um resultado enorme R$ 170 milhões de faturamento. O índice de satisfação dos funcionários e do mercado é grande. Prova disso é que ganhamos quatro dos cinco prêmios do setor este ano”, diz.

Fonte: jornal Hoje em Dia

 

Questionado sobre como será feita a venda da companhia, ele não respondeu. “O acionista tem o direito de vender a empresa, e isso vai ficar a cargo deles. Preferi sair de uma maneira muito educada e elegante, pois tenho boas amizades no grupo”, afirmou.

 

 

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