O deputado Agostinho Patrus se posiciona contra a privatização da estatal e destaca que, a lógica é que os sócios privados invistam na empresa, pois, no conjunto, detêm mais de 80% das ações
O presidente da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), tem se mostrado uma importante liderança parlamentar no Estado em defesa da Cemig, posicionando-se contra a privatização e cobrando do governo um discurso transparente e com dados e informações concretas e verdadeiras para justificar o projeto de venda da nossa estatal.
Em recente entrevista ao jornalista Orion Teixeira (Blog), Agostinho Patrus apresentou um argumento que derruba totalmente a justificativa do governador Romeu Zema (Novo) para convencer que o melhor é vender a Cemig. Segundo o governador, a empresa não é eficiente e o Estado não tem condições de alocar recursos para investimentos na Cemig. Ainda diz que a iniciativa privada, essa sim, vai realizar os investimentos necessários.
O deputado destacou que ainda não entendeu e nem está convencido da proposta de privatização do governador. Ele enfatizou que, no caso da Cemig, tem ouvido do governo que a empresa não tem capacidade para investimentos, mas lembrou que o Estado só tem 15% (na verdade, o governo tem 17%, e no restante do texto, utilizamos os números exatos) das ações da estatal (é o acionista individual com mais ações) e os sócios privados, juntos, possuem mais de 80% das ações.
E questionou: “Quem não quer investir é justamente os sócios privados, juntos, eles têm 83% das ações. É contrassenso do governo, se ele só participa com 17%, por que não tem investimentos dos privados? Por que não cobra dos sócios privados, os 83%? Os sócios privados não investem, eles não entendem que investimentos são algo rentável, entendem que não devem colocar recursos. E vai privatizar? Privatizada, na hora que os sócios privados tiveram 100% da Cemig, vão investir?”. Agostinho Patrus acrescentou que, diante disso tudo, ele acaba por acreditar na hipótese de que, “depreciam o preço de venda da Cemig e depois privatiza”.
Falta de diálogo
O presidente da ALMG também criticou a falta de diálogo do governo Zema com a Assembleia Legislativa, chegando mesmo a se referir ao governador e membros de sua equipe como “pessoas do empresariado”. E cobrou que todo o governo, principalmente Romeu Zema, precisa ouvir o outro lado, conviver bem com as diversidades de ideias, encarar o debate, ser mais transparente.
“Tem que haver interlocução, conversa direta, transparente. Os líderes políticos precisam estar abertos ao debate... Na ditadura, você baixa decreto, mas, na democracia, para aprovar projetos, precisa do entendimento”, enfatizou.
POSIÇÃO DO SINDIELETRO
O Sindicato concorda com as declarações e questionamentos do presidente da ALMG em relação aos argumentos contra a privatização, mas observa que o deputado Agostinho Patrus disse também que defende a venda de subsidiárias de estatais. Neste ponto, o Sindieletro alerta que subsidiárias que não são estratégicas e que não fazem parte das atividades-fim de estatais, poderiam, de fato, serem privatizadas. Mas subsidiárias estratégicas, como a Gasmig, jamais devem ser privatizadas. Mais que discordar, avaliamos que vender subsidiárias de atividades-fim e com papel estratégico para a soberania representa preparar a empresa principal para a privatização total, reduzindo seu patrimônio para vender a preço de banana.