A readaptação funcional é um processo que redistribui atividades compatíveis com a capacidade física e psíquica de trabalhadores acometidos por doença ou acidente de trabalho. Na Cemig, a Instrução de Pessoal (I.P) 8.2 define que o processo visa o “redirecionamento” profissional.
Na teoria, a readaptação é uma ferramenta imprescindível na política de Recursos Humanos (RH) de qualquer empresa, desde que seja administrada com transparência e critérios que respeitem as individualidades e necessidades de cada trabalhador, garantindo condições dignas de trabalho e de vida. Este, no entanto, não é o caso da Cemig.
A partir do relato de vários eletricitários atendidos pela Secretaria de Saúde do Sindieletro, as psicólogas Laís Di Bella e Julie Amaral, verificaram que as readaptações na Cemig têm se baseado em critérios arbitrários que, muitas vezes, se contradizem. Essa distorção traz, como pano de fundo, uma marca da política de pessoal praticada pela Companhia e combatida há anos pelos trabalhadores: a falta de diálogo.
“Em decorrência de adoecimento ou acidente, eletricitários são retirados de seus habituais postos de trabalho - especialmente quando em área de risco - e são redirecionados para outras funções”, revela Laís. “Um exemplo de arbitrariedade é o fato de trabalhadores com índice de massa corpórea dentro da taxa de normalidade estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas, com peso acima dos limites fixados pela Cemig, ou vice versa, serem retirados da área de risco”, completa.
A aplicação dos índices nas análises, conforme apurado no relato dos trabalhadores, estranhamente varia caso a caso. Em alguns casos, a empresa adota a metodologia da OMS e, em outros, a própria, de acordo com a sua conveniência.
Mas a radicalidade da Cemig nos processos de readaptação também se manifesta sob outras formas. Um caso emblemático é a empresa desconsiderar laudos e atestados de saúde ou tratamento realizados fora da estatal na hora de avaliar a condição do trabalhador, sem oferecer contrapartida. “Ressalta-se que a Cemig não oferece programas de tratamento efetivos e, por isso, o processo de readaptação, que deveria atuar preventivamente, provoca, muitas vezes, adoecimentos secundários, oriundos dos prejuízos psicológicos gerados pelo afastamento dos trabalhadores de suas funções”, explica Julie Amaral.
Esses exemplos são partes de uma cadeia de problemas que, além de incidirem sobre a qualidade do ambiente de trabalho, também acabam afetando a remuneração do eletricitário de forma negativa, gerando impactos sob seu núcleo familiar.
O coordenador Geral do Sindieletro, Jefferson Silva (foto), reivindica da Cemig a revisão da metodologia e dos processos adotados. “Está mais que provado que a readaptação funcional que a Cemig pratica está longe da realidade e das necessidades dos eletricitários e eletricitárias. A empresa precisa ouvir os trabalhadores se quiser construir uma política que atenda aos anseios de todos”, cobra. Nas próximas semanas, a Secretaria de Saúde do Sindieletro divulgará artigo em que analisa mais a fundo as readaptações arbitrárias da Cemig. Se você, trabalhador ou trabalhadora, considera-se lesado de alguma maneira depois de ser realocado do seu posto de trabalho, procure o Sindicato através do telefone (31) 3238-5000 ou pelo e-mail: saúde@sindieletromg.org.br.