A produção global de petróleo sofreu o maior corte da história na última segunda-feira (16) em consequência dos ataques com drones a estatal Saudi Armco, na Arábia Saudita, ocorridos no último sábado (14). Com isso, as cotações internacionais da matéria-prima subiram mais de 13%, a maior alta diária registrada em 11 anos.
O corte de mais de cinco milhões de barris representa metade da produção do país do Oriente Médio, que é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de petróleo do mundo. O volume cortado representa cerca 6% da oferta global.
Os ataques às instalações sauditas foram reivindicados por grupos rebeldes do Iêmen.
Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, na terça-feira (17), o secretário de Relações Internacionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes, falou sobre os impactos do corte na produção para a Petrobrás. A empresa informou que, por enquanto, não vai reajustar os preços dos combustíveis.
Ele afirma que, por ser estatal, a refinaria brasileira pode segurar o aumento do preço do petróleo, mesmo com a alta de 13% nas cotações internacionais. “A empresa estatal pode planejar essa fonte e administrar segundo a necessidade do povo brasileiro”, diz.
Moraes também ressalta a importância do petróleo como fonte de energia essencial para as populações e alerta para o risco de perda da soberania nacional ao entregar o setor nas mãos do capital estrangeiro.
“É uma fonte de matéria-prima importante, cerca de três mil produtos são originários a partir dele. Com toda essa importância, dá para se imaginar que uma nação que relegue, que deixe essa fonte de energia sobre controle de nações estrangeiras, certamente terá sua própria sobrevivência arriscada”, completa.
O secretário de relações internacionais da FUP chama atenção para o fato de que “mais de 80% da produção e do controle das reservas petrolíferas [do mundo] é feita por empresas estatais". Segundo ele, "só não o fazem aqueles países que não conseguiram desenvolver uma empresa capacitada tecnicamente para produzir e refinar o petróleo”.
O petroleiro destaca ainda que este não é o caso do Brasil. Ele afirma que “graças a luta do povo brasileiro nos anos 1940 e 1950, nós conseguimos estruturar uma empresa de petróleo importante, que é a Petrobrás”.
Por fim, Moraes alerta que o atual governo está abrindo mão desse patrimônio nacional, que tem falado em privatizar a empresa para corporações estrangeiras. “Aliás, já tem privatizado e entregue áreas importantes da Petrobrás. Isso é um risco muito grande para o povo Brasileiro", conclui.
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Fonte: Brasil de Fato