Aos números: 235 presos e 7 jornalistas agredidos, numa ação que chocou até a Anistia Internacional; protesto contra o aumento dos ônibus teve jovens detidos ainda na concentração; prefeito Fernando Haddad condenou "violência policial" e o secretário de Segurança, Fernando Grella, afirmou que a corregedoria da instituição irá atuar para coibir abusos.
No quarto dia de protestos contra os aumentos de ônibus em São Paulo, a Polícia Militar decidiu barbarizar. Ainda na concentração, 40 jovens foram detidos. Na madrugada, contabilizados todos os presos, eram nada menos que 235 pessoas. Desses suspeitos, 198 foram encaminhados ao 78º DP (Jardins) e outros 37 para o 1º DP (Liberdade). Destes, 231 foram soltos e quatro seguem detidos, acusados de formação de quadrilha.
Ao comentar o episódio, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad condenou a violência policial. "Na terça, a imagem que ficou foi da violência dos manifestantes. Hoje, infelizmente, não resta dúvida, a imagem que ficou e da violência policial". O secretário de Segurança do estado, Fernando Grella, disse que as ações foram tomadas para garantir o "direito de ir e vir", mas afirmou que abusos serão investigados pela "corregedoria" da instituição.
Ao todo, sete jornalista da Folha de S. Paulo foram agredidos e, entre os detidos, está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli. A repressão ao trabalho da imprensa provocou protestos até mesmo da Anistia Internacional.
Os protestos criticam o aumento das passagens dos ônibus de R$ 3,00 para R$ 3,20 e o Ministério Público propõe um congelamento dos preços durante 45 dias – que seria o prazo para uma negociação com o governador Geraldo Alckmin e com o prefeito Fernando Haddad. "Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador. O prefeito Fernando Haddad (PT) também disse que não reduzirá a tarifa de ônibus. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha.