PLR: mais que um direito, uma conquista!



PLR: mais que um direito, uma conquista!

A quinta-feira (30) foi uma data importante para os eletricitários e eletricitárias da Cemig, principalmente durante esse período de incertezas e retração econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. Enfim, a Cemig fez o pagamento da PLR 2019. O alívio no bolso dos trabalhadores só foi possível graças a muita luta, resistência dos eletricitários e empenho do Sindieletro. 

A Cemig usou de todos os artifícios para prorrogar o pagamento da PLR. Porém, conseguimos fazer com que o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho voltasse atrás e suspendesse a liminar que permitia que a empresa efetuasse o pagamento da PLR somente em outubro. A união dos sindicatos foi essencial para essa conquista. “Que nos sirva de exemplo para os desafios que teremos para o próximo período!”, avisa Jefferson Silva, nosso coordenador-geral. 

 

Uma conquista histórica  

Em 1995, a PLR já era paga em várias empresas, mas a Cemig estava irredutível. Só foi vencida após cinco diretores do Sindieletro e um dirigente do Sindicato dos Administradores realizarem uma greve de fome. Desde então, os eletricitários recebem parte do lucro que ajudaram a produzir; nada mais justo. 

De fato, temos que comemorar esta importante vitória. Afinal, os trabalhadores da Cemig foram os primeiros do setor elétrico brasileiro a conquistarem a Participação nos Lucros e Resultados. No entanto, a nossa luta por uma PLR justa e linear permanece. Ano após ano, a Cemig tenta se apoderar desta conquista e aprofundar a diferença salarial na empresa, privilegiando exatamente quem já recebe altos salários, e tentando impor metas inatingíveis ao restante da categoria. 

 

Luta por justiça na forma de distribuição 

O ex-diretor do Sindieletro, Fábio Ferreira da Costa, lembra que a PLR na Cemig já chegou a ser 100% linear, mas ao longo dos anos e dos vários governos, houve várias perdas. Fabão, que já coordenou a Regional Leste, explica que, inicialmente, o pagamento era 75% linear e 25% proporcional. No entanto, durante os governos de Aécio Neves e Antônio Anastasia, a PLR sofreu duros ataques, chegando a ser 50% linear e 50% proporcional. Mais adiante, se tornou 100% proporcional. 

"Em 2015, eu e os diretores Jefferson Silva, Celso Marcos Primo e Lúcio Parrela ocupamos a sala do Comitê de Negociações por 15 dias. Também houve uma greve histórica da categoria, que durou 54 dias. Depois disso, a PLR voltou a ser paga 50% proporcional e 50% linear”, relembra. Para Jefferson Silva, a PLR deve ser analisada e reconhecida através da trajetória de luta da categoria.

“A PLR é uma conquista nossa, mas se tornou uma disputa ideológica entre a direção da empresa e os trabalhadores. Por alguns anos, a diretoria da Cemig se apropriou da PLR para privilegiar os altos salários com a forma de distribuição por múltiplos, ou seja, quanto maior o salário, maior o percentual a ser recebido”, explica, acrescentando que “mesmo que essa forma de distribuição fosse legal, para nós era totalmente imoral e não se aplicava às melhores práticas do mercado”.  

Em 2013, a categoria deu um importante recado para a direção da Cemig. Após acúmulo de debates sobre o sequestro da PLR pela alta gestão, os eletricitários aceitaram a proposta, mas rejeitando em 49% a continuidade da distribuição da PLR por múltiplos. Mesmo os trabalhadores com menores salários, que receberiam seis remunerações ou mais, votaram contra a proposta, manifestando a oposição à política de privilégios. 

Já em 2015, através da luta da categoria, conseguimos romper com a forma de distribuição que privilegiava os altos salários, estabelecendo um passo importante pela igualdade na distribuição e conquistando 50% de linearidade.  

No entanto, a vitória de Romeu Zema ao governo do Estado impôs um modelo autoritário e antidemocrático de governar. Alinhado ao governo Bolsonaro, Zema desfavoreceu o cenário para a luta da PLR. A direção da empresa, atendendo à política do governador, tem buscado precarizar todas as conquistas históricas da categoria - não só a PLR, mas também a Cemig Saúde e o Acordo Coletivo de Trabalho. 

Jefferson afirma que, neste ano, a categoria recebeu uma PLR de grande relevância, fruto do lucro conquistado em 2019. Essa recompensa advém do esforço de cada funcionário e funcionária para o bom resultado da Cemig. “O futuro da PLR está nas mãos da categoria. É necessário estabelecer uma correlação de forças para que possamos avançar. Como em 1995, quando conquistamos a PLR com uma greve de fome. Como em 2000, quando conseguimos a linearidade. E como em 2015, quando combatemos a política de privilégios dos altos salários”, relembra. 

 

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