Na tarde desta sexta-feira (22), encerramos as assembleias de deliberação sobre a nova proposta da Cemig para o Acordo de Participação nos Lucros e Resultados de 2021. A proposta foi aprovada em assembleias dos sindicatos. A categoria de Juiz de Fora rejeitou a proposta de forma unânime. No entanto, como acordamos a unificação, o resultado total foi aprovado. Já enviamos o ofício para a gestão da empresa informando o resultado.
A aprovação da proposta de PLR não está, de maneira alguma, ligada à aprovação da categoria em relação à atual gestão da Cemig. Nas assembleias, muitos trabalhadores manifestaram sua indignação pela postura ameaçadora da empresa, com comunicados que pressionavam os funcionários. Além disso, a negociação travada, sem o mínimo de flexibilidade, decepcionou os trabalhadores, que passaram por um ano conturbado e esperava outro retorno.
Foco da gestão Zema é privatizar
A proposta apresentada pela gestão não reflete, de forma alguma, o debate feito em mesa de negociação. Pelo contrário, representa o autoritarismo de uma diretoria que concentra esforços na privatização da Cemig, em detrimento dos trabalhadores. Fica a dúvida: será que a diretoria da Cemig prefere não pagar a PLR para utilizar o montante para encher – mais ainda – o bolso dos acionistas? Ou será que a economia com a PLR dos trabalhadores que constroem diariamente a história da Cemig é para aumentar o interesse do mercado pela privatização da estatal?
A gestão do governo de Romeu Zema já mostrou a que veio: não para dialogar, não para melhorar os serviços e as condições dos funcionários, mas para modelar a Cemig e entregá-la à iniciativa privada. As questões da categoria são assuntos secundários. O que importa são os acionistas, como colocou o primeiro presidente indicado por Zema, Cledorvino Belini, e reitera com diversas declarações o presidente atual, Reinaldo Passanezi.
Falando nele, outra notícia que escancara as prioridades de Zema e sua gestão saiu há pouco: o Diário Oficial de Minas Gerais de 14 de outubro de 2020 informou que a Cemig contratou um coach profissional para “desenvolvimento do presidente da Cemig”. O valor da contratação é de R$156 mil, quase o dobro do salário já bastante generoso que Passanezi recebe, cerca de R$85 mil.
Seria estarrecedor se já não soubéssemos das incoerências desta gestão. Afinal, direitos são cortados dos trabalhadores ativos e aposentados com a justificativa de redução de custos. Decisões mesquinhas e até mesmo desumanas, como demissões, retirada de direitos e a proibição da utilização do transporte fretado pelos contratados, são tomadas durante uma crise mundial e ainda sem solução.
Vimos, neste último doloroso ano, e também já em 2021, casos de apagões no Norte do país, onde serviços de energia são privatizados. Acompanhamos exemplos diversos dos prejuízos que a desestatização pode causar à população, mas esse segue sendo o foco da gestão de Zema.
A guinada autoritária na Cemig não está descolada da realidade geral do país: Romeu Zema é alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, que joga contra a população, a favor do empresariado. Portanto, sabemos que a luta nacional é também a luta da categoria. Precisamos nos unir cada vez mais para barrar estratégias privatistas que penalizam os trabalhadores e a população em geral. Nossa mensagem continua sendo de união e resistência, principalmente nestes tempos que ainda perdurarão.