A Comissão do Trabalho, da Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais debateu, por meio de audiência pública, diversos temas. Um deles foi a PLR 2022. A intransigência nas negociações com as entidades sindicais foi pauta relevante no debate. O economista da subseção do Dieese no Sindieletro/MG, Carlos Machado, trouxe o debate da PLR a partir da ótica de deturpação do conceito de negociação: “A empresa trouxe um novo modelo de PLR que reflete o estilo de gestão atual. O espírito da PLR é o pacto entre o capital e o trabalho. Se não existe esse pacto, o acordo perde sua efetividade e gera uma série de conflitos que poderiam ser evitados. Observamos uma posição intransigente da gestão da Cemig e uma decisão de não negociar, e sim impor. Os trabalhadores perdem, mas a empresa também perde ao não estabelecer um pacto com os trabalhadores. Por fim, a sociedade também perde”, avaliou.
A deputada Beatriz Cerqueira trouxe uma reflexão sobre o revanchismo escancarado que a gestão Zema na Cemig tem praticado contra os sindicatos, evidenciada na negociação de PLR. “Outros sindicatos assinaram, então quem não assinou é o culpado? Isso foi dito aqui. Quem não assinou representa a maioria. É um outro erro de gestão. Temos que respeitar todas entidades sindicais, mesmo que não gostemos da sua forma de atuação, porque é muito combativa, por exemplo”, disse.
“O patrão cuida da sua visão de mundo e o trabalhador cuida da sua visão de mundo. Se a forma de fazer luta do Sindieletro estivesse errada, a maioria da categoria não estaria no Sindieletro. Quem decide a sua representação é a categoria, de forma independente”, pontuou. Em suma, a Cemig tentou “punir a categoria para que não confiassem mais no Sindicato”. “Negociação termina quando negocia”, concluiu.
Salário, remuneração variável e demais privilégios de Passanezi e diretores
No debate, nosso coordenador-geral trouxe os valores recebidos pela alta cúpula da Cemig. “O presidente Passanezi recebe R$98.650 mensais. Os diretores, R$77.760 mensais. São esses os salários que presidente e diretores recebem para, inclusive, colocar em risco a vida dos eletricitários”, expôs.
O bônus pago ao presidente da Cemig, combinado ao Conselho de administração e pago em sua integralidade, corresponde a dez vezes seu valor mensal. Ou seja, sua bonificação foi algo em torno de R$1 milhão de reais. Já os diretores recebem 7 vezes o salário mensal em bonificação, perfazendo um total ligeiramente acima de R$500 mil. “É isso que essas pessoas iluminadas recebem para negar a PLR aos trabalhadores”, concluiu. O salário de Gabriel Luciano girava em torno de R$3 mil ou R$4 mil. Os terceirizados recebem algo em torno de R$2 mil.
“Os reembolsos que a diretoria recebe de consultas médicas é limitado a 6 vezes o valor de tabela do plano de saúde que é praticado para os demais empregados, deduzindo o valor da coparticipação. Para exames, terapias e outros procedimentos, o reembolso é 5 vezes o valor da tabela. O seguro de vida da diretoria é opcional, mas a Cemig banca 100%. Por fim, há uma proposição de reajuste dos salários atuais em até 3 vezes”, denunciou Emerson. “Enquanto isso, nós, trabalhadores da empresa, somos chamados de custo “pós-emprego” e despesa. Enquanto isso, negligencia-se o investimento na saúde e segurança do trabalhador e da trabalhadora”, acrescentou.