Maçarico ligado
No último final de semana, quando a sensação térmica em Belo Horizonte era de mais de 30 graus, trabalhadores da Cemig que atuavam no plantão e na manobra viveram dias de tortura dentro do Anel Rodoviário. Não tinha água na Cemig e a empresa não tomou qualquer providência para aliviar o sofrimento dos eletricitários que trabalhavam mais de 12 horas com uniforme anti-chamas atendendo chamados de emergência.
Um eletricista conta que o calor que já era muito forte ficou insuportável dentro do uniforme feito de tecido grosso, com camisa por baixo, botas e luvas de couro. Para ele, voltar para casa sem banho naqueles dias foi desesperador.
Pelas informações dos eletricistas, a água acabou no sábado, 18, de manhã e só voltou na segunda-feira, 20.Um trabalhador do Anel conta que no ano passado o problema aconteceu, mas que dessa vez foi demais. “Não tinha chefe aqui para passar o que a gente passou. Nós prorrogamos a jornada para atender a população mas a empresa nos trata com esse descaso. Aliás, ser útil à população é, atualmente, a única motivação de quem trabalha na Cemig já que a gestão da empresa não se importa com o trabalhador”, desabafa. Para ele o acontecimento só aumenta a insatisfação dos eletricistas que sofrem com retaliações, pressão de chefes e total falta de perspectiva na carreira.
Da próxima vez que faltar água, os eletricistas do Anel dizem que é só a Cemig avisar que farão vaquinha para comprar um caminhão pipa. “Se para eles o dinheiro é tudo, para nós o que é mais importante é a dignidade”, avisa um trabalhador.
Para o Sindieletro esta é uma prova absurda de que a Cemig que mostra eficiência e modernidade para os acionistas continua atrasada e desumana na relação com seus trabalhadores. Também sinaliza a precariedade do serviço prestado pela Copasa, outra estatal que sofre com a má gestão imposta pelo governo do Estado.