Os absurdos no PCR da Cemig continuam aparecendo, num festival de injustiças geradas pela falta de critérios transparentes para a evolução das carreiras. Insatisfação, indignação e desmotivação diante da ausência de perspectivas de crescimento na carreira são os sentimentos da maioria dos eletricitários, enquanto os gestores da empresa permanecem tocando a política de RH que mais cria distorções e desvalorização.
Tantos os trabalhadores mais antigos quanto os que entraram na Cemig em 2006 e até mesmo em anos posteriores estão insatisfeitos. As discrepâncias salariais e incertezas de um futuro profissional com valorização são evidentes. Essa situação de injustiça está gerando muito debate na categoria.
Indignada, uma turma de eletricitários que foi admitida na Cemig em 2006 criou um grupo de discussão sobre o assunto: “A direção da Cemig criou subcategorias de eletricitários dentro da empresa, temos colegas que ganham anuênio e “Maria Rosa”, outros só com “Maria Rosa”, outros sem anuênio e nem “Maria Rosa” oriundos do mesmo concurso de 2006 e, por último, os recém contratados, sem anuênio, sem “Maria Rosa” e salário maior que quem entrou há quase 8 anos”.
“Não somos contra valorização individual, muito pelo contrário, mas percebemos total falta de critério na avaliação de desempenho e concessão de aumento salarial, é notória a valorização de alguns funcionários que não assumem as responsabilidades que outros são incumbidos de responsabilidades significativas e continuam estagnados no nível 1, sem nem mesmo crescimento horizontal. Há ainda gerências que levaram o salário de todos para um mínimo, uma espécie de cala a boca”.
Disparidade
Outro eletricitário mostrou o salário de um técnico que atua em usina, hoje, ainda no nível I, há mais de 7 anos, comparando-o ao salário de um trabalhador mais novato, com seis meses de empresa. Segundo ele, o salário base desse técnico, com mais de 7 anos, não chega a R$ 2.550,00, enquanto que há colegas, com o mesmo cargo, fazendo os mesmos serviços, mas admitido na Cemig em 2013, recebendo salário base de pouco mais de R$ 2.900,00 desenvolvendo as mesmas tarefas. De acordo com esse trabalhador, o responsável pelo RH da Cemig foi questionado sobre a tabela salarial distorcida, mas respondeu que agora, na Cemig, o que vale de referência é a remuneração e não o salário base.
“O RH da Cemig, hoje, não funciona como deveria funcionar. A gente questiona o RH, mas os responsáveis pelo setor dizem que é para cobrarmos da gerência. Cobramos, e a gerência vem com discurso abstrato e absurdo, para justificar as injustiças. Até já foi dito para a gente que o salário de quem entra na Cemig hoje é maior porque está difícil captar profissionais lá fora. Então, pergunto: a empresa não considera também que está difícil manter a prata da casa? Tem muita gente que pensa em sair da empresa, tem muitos trabalhadores que estão fazendo concurso público para trabalhar em um local que realmente valoriza seus trabalhadores”, questionou outro técnico.
Horas extras: mais injustiças?
Um trabalhador disse que em seu contracheque a Cemig não está aplicando as horas extras em cima da Maria Rosa, o que provoca mais injustiças salariais. “Quem entrou depois de mim acaba recebendo mais quando trabalhamos em regime de horas extras, porque, apesar dele não ter Maria Rosa, tem um salário base maior. Não que ele não mereça, eles merecem ter o salário que tem, mas a gente precisa mostrar esse absurdo de discriminação salarial para que a empresa corrija as distorções e garanta uma política salarial em que todos tenham oportunidades iguais de crescimento”, ressaltou.
O Departamento Jurídico do Sindieletro informou que as horas extras devem ser aplicadas em cima da remuneração, o que inclui todos os adicionais (Maria Rosa, anuênio, periculosidade etc). E, se há na Cemig exclusão de horas extras em cima da Maria Rosa, cabe cobrança do direito na Justiça Trabalhista.