Petroleiros protestam contra interdição de campos de petróleo e gás na Bahia



Petroleiros protestam contra interdição de campos de petróleo e gás na Bahia

Em protesto contra a interdição de 37 poços de petróleo e gás na Bahia, trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás se concentraram, na manhã da segunda-feira (19), em Salvador, em frente ao edifício onde fica a filial da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que determinou a paralisação das atividades.

Junto com lideranças políticas, vereadores, deputados, representantes dos movimentos populares, dirigentes sindicais e prefeitos das cidades impactadas pela medida, os trabalhadores gritaram palavras de ordem pedindo a permanência da Petrobrás no estado.

O fechamento dos campos impacta na vida dos trabalhadores, que podem perder o emprego, e de sete cidades da região, que vão deixar de receber pagamento de royalties e Impostos sobre Serviços (ISS) da Petrobrás.

Segundo os dirigentes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), o desmonte da Petrobrás na Bahia é mais um ataque aos trabalhadores, dentre tantos que vêm sendo desferidos desde o golpe de 2016. Caso a determinação da ANP não seja revertida, dizem, mais de 4.500 postos de trabalho podem deixar de existir.

Também sofrerão as consequências, a população que vive nas cidades de Esplanada, Cardeal da Silva, Entre Rios, Alagoinhas, Catu, São Sebastião do Passé e Araças uma vez que, com a perda da receita dos impostos, as Prefeituras podem ficar sem recursos para manter serviços básicos para a população, em áreas essenciais como saúde e educação.

Os campos, que vão de Bálsamo à Taquipe, Litoral Norte, são responsáveis pela produção de 20 mil barris de petróleo e representa um faturamento bruto de R$ 4 bilhões.

Má-gestão e incompetência

A decisão da ANP de paralisar os campos mostra tanto a falta de responsabilidade com os trabalhadores e com a população das cidades afetadas, quanto a competência para resolver os problemas que, ao longo do tempo, foram aumentando por falta de investimento, critica o vice-presidente da CUT-BA e dirigente do Sindipetro-BA, Leonardo Urpia. Sem boa gestão e investimentos, restou o desmonte e a entrega da empresa à iniciativa privada, completa o dirigente.

“É preciso reverter essa decisão e buscar solucionar o que de fato está com problema. Inadmissível que o governo de Jair Bolsonaro ainda utilize do órgão [ANP] para destruir ainda mais o patrimônio do povo brasileiro. Vamos reagir!”, afirma Urpia.

A direção da CUT-BA concorda com a avaliação de Urpia, se solidariza e se soma à luta dos companheiros e companheiras porque entende que a Petrobrás é dos brasileiros e a manutenção desse patrimônio é uma questão de soberania nacional.

São muitos investimentos, projetos, anos de pesquisa, dentre outras ações socioambientais, que não podem ser entregues para a iniciativa privada, dizem os dirigentes. O comprador, afirmam, leva junto toda a capacidade de produção energética do Brasil.

“Vamos intensificar as nossas lutas em defesa da Petrobras e a decisão da ANP mostra que o governo Bolsonaro, que vai até 31 de dezembro, mesmo em fase de partida do governo, utiliza todas as armas para continuar destruindo o país”, afirma Leninha, presidente da CUT-BA.

A direção do sindicato dos petroleiros vai se reunir com representantes da filial da ANP na Bahia e os sindicalistas vão tentar sensibilizá-los para que voltem atrás na decisão de paralisação imediata dos campos de produção no estado.

Decisão da ANP

A Petrobrás começou na última quinta-feira (15) o processo de paralisação de 37 campos de produção de petróleo e gás no estado cumprindo determinação da ANP após auditoria, feita pela Unidade de Negócios da Petrobras (UN-BA), constatar irregularidades e problemas.

A decisão da ANP, segundo o Sindipetro-BA, foi contestada por técnicos da Petrobrás, que chegaram a propor prazos para corrigir os problemas, que de fato existem, mas podem ser resolvidos. Porém, a ANP não aceitou e enviou a notificação para a Petrobrás, indicando a parada total dos campos.

Fonte: CUT

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