Pesquisa: brasileiros não abrem mão de direitos trabalhistas

O site Novos inconfidentes publicou matéria sobre pesquisa do portal Jota com dados curiosos e contraditórios sobre os brasileiros. A maioria discorda da retirada de direitos trabalhistas dos cidadãos e é contra a Reforma da Previdência. Porém, grande parte dessa maioria não foi para as ruas manifestar repúdio às Reformas. E mais da metade da população é contra os Direitos Humanos. No conceito de Direitos Humanos, o trabalho e a aposentadoria dignos são também Direitos Humanos.  Ou seja, defender os Direitos Humanos não se resume a questões sobre prisão, prisioneiros e decisões da Justiça. 

Confira a matéria:

Brasileiros não querem direitos humanos, mas não abrem mão de direitos trabalhistas

Recente pesquisa do portal JOTA revela dados curiosos sobre as identidades políticas dos brasileiros e mostram que em vários assuntos a maioria da população permanece bastante conservadora e rígida. Para a pesquisa, foram criadas uma série de 23 perguntas relativas à temas recorrentes no governo Bolsonaro, muitos deles decisivos para a eleição do atual presidente.

Dentre elas, destacamos algumas que tratam do pensamento do brasileiro sobre direitos humanos, mídia, valores morais e trabalho. Como sinalizado na pesquisa, os padrões são fortes e marcantes.

Em relação aos direitos humanos, por exemplo, mais da metade da população (55,3%) acredita que esses direitos atrapalham o combate ao crime, enquanto 34,3% não concorda com a afirmação e 10,4% não soube ou não respondeu.

Muito usada por certos setores da sociedade atual, a frase “Direitos humanos para humanos direitos” não poderia ser um lema melhor para ilustrar esse aspecto bárbaro do pensamento de grande parte dos brasileiros. Endossando ainda mais essa tese, 84,2% da população concorda que é necessário punir os criminosos com mais tempo de cadeia, contra 11% que discorda da ideia.

Apesar disso, quando o assunto é armamento, 68,8% das pessoas concorda que a posse de armas de fogo representa uma ameaça à vida de outras pessoas. Entretanto, uma porcentagem relativamente alta de pessoas (46,8%) defende que deve ser direito do cidadão possuir arma de fogo para defesa própria, contra 47,5% que discorda.

Em relação à mídia, grande parte dos brasileiros (70,7%) confere um grande poder à internet ao concordarem que ela permite descobrir verdades de jornais e TV querem esconder. Ao mesmo tempo, as opiniões em relação à grande mídia dividem bastante a população: enquanto 39% das pessoas acredita que a grande mídia é inimiga da população, 48,8% não acredita nessa tese e 12% não sabe ou não respondeu.

Apesar dessa divisão de opinião, quando o assunto é entretenimento, mais especificamente novelas da Rede Globo, 68,8% dos brasileiros acha que esse tipo de programação não respeita os valores morais. Embora não tenham deixado claro quais valores morais, é possível de se imaginar quando quase metade da população (46,8%) acredita que o movimento LGBT corrompe crianças.

A maioria dos pontos apresentados corroboram com muitos discursos e práticas do governo atual. No entanto, quando o assunto é trabalho, a opinião de grande parte da população vai contra o que está sendo feito pelo governo nos últimos tempos: 71,3% dos brasileiros discorda da tese que é preciso trabalhar por mais tempo para que todos consigam se aposentar, contra 24,8% que concorda, e 58,5% discorda de que é preciso abrir mão de direitos trabalhistas para que todos tenham empregos, enquanto 33,9% concorda.

A pesquisa JOTA, à qual Os Novos Inconfidentes teve acesso na íntegra, ouviu 1.042 pessoas por telefone em 304 municípios de 26 estados e do DF. A margem de erro é de 3%.