Perseguido pela Ditadura: um eletricitário que não fugiu à luta



Perseguido pela Ditadura: um eletricitário que não fugiu à luta

Durante a ditadura militar os eletricitários mostraram resistência, apesar das perseguições e destituição da diretoria do Sindieletro. As lideranças dos eletricitários mineiros pagaram um preço alto pelas lutas por melhores salários e direitos da categoria, mas nem por isso desistiram da defesa dos mais pobres e oprimidos. Clodesmidt Riani foi uma das lideranças que, hoje, aos 93 anos, tem muita história para contar sobre a repressão e as perseguições que sofreu, sem nunca ter deixado a peteca cair.

Aposentado da Cemig desde 1983, ex-diretor do Sindicato dos Eletricitários de Juiz de Fora e da FNU (Federação Nacional dos Urbanitarios), ex-membro da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias (CNTI), ex-presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e ex-deputado estadual, ele foi cassado como sindicalista e como político. Riani é atualmente presidente de honra da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU/CUT) e acompanha os trabalhos de investigação das comissões da Verdade instaladas em nível nacional e em várias cidades.

Em Juiz de Fora, município que lhe projetou para o sindicalismo e a política, foi também instalada uma Comissão da Verdade, com o objetivo de levantar os abusos da ditadura na cidade, incluindo ele como vítima dos militares, torturado e preso entre 1964 a 1971. Como dirigente do Conselho de Administração do Bureau Internacional do Trabalho, com sede na Suíça, ele poderia ter se exilado em outro país, mas fez a corajosa opção de ficar no Brasil.

Riani revela que, preso, sofreu agressões físicas e psicológicas de militares. Soldados foram convocados para chutar o seu tornozelo e dar socos nos rins. Passou por várias prisões e em todas elas foi vítima de maus tratos e torturas. Acabou enquadrado na Lei de Segurança Nacional como subversivo.

“O inferno dos porões”

“Vivi o inferno nos porões da ditadura, mas voltei à vida na Companhia Mineira de Eletricidade, depois encampada pela Cemig, na década de 80. Com a anistia em 1979, retornei também à minha vocação política e sindicalista”, destaca, Riani. Ou seja, apesar dos traumas, das perseguições e torturas, ele retomou a luta pelos eletricitários e demais trabalhadores brasileiros. Elegeu-se, nos anos 1980, duas vezes deputado estadual, pelo PMDB. Em 1994, em ato simbólico na Assembleia Legislativa de Minas, ele teve restituídos os três mandatos de deputado.

Líder para sempre

Nos anos de governo Jango uma das grandes lutas de Riani foi pela valorização do salário mínimo. Nessa luta, os trabalhadores conquistaram 144% de aumento dos salários mínimos regionais. Em 1963 presidiu o Comitê de Greve, que coordenou uma paralisação com 700 mil trabalhadores nas indústrias de São Paulo, entre os dias 25 de outubro a 03 de novembro. Essa greve obteve a grande vitória de garantir aos trabalhadores 80% de aumento salarial.

Riani foi uma das lideranças, que em 1985, organizou uma passeata até o Palácio da Liberdade em apoio ao movimento por melhorias salariais dos eletricitários da Cemig, em Belo Horizonte. A mobilização garantiu reajuste para a categoria.

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