Pau que bate em Chico nem chega perto do doutor Francisco

Se por um lado a gestão da Cemig adota todo o rigor para investigar possíveis faltas cometidas por eletricitários com afastamentos, abertura de sindicâncias e interrogatórios feitos por arapongas em quartos escuros e impondo demissões, por outro, as empreiteiras tomaram conta de tudo. As contratadas fazem o que querem e ninguém na direção da Cemig é capaz de propor uma auditoria nos contratos, afastar as empresas caloteiras e punir os responsáveis.

Empreiteiras não são punidas

De acordo com o coordenador da Regional Mantiqueira, Edvaldo Pereira, hoje em dia, são as empreiteiras que dão as cartas e ditam as regras na Regional. Com isso, não são fiscalizadas denúncias de desvios de materiais, calote, acidentes, mortes e os descumprimentos de contratos. Enquanto isso, a qualidade dos serviços despenca e o nome da Cemig é jogado na lama. Mas a estatal parece não se importar com isso.
O Sindieletro recebeu denúncias de que multas aplicadas em empreiteiras por descumprimento de contratos são rasgadas ou sequer aplicadas.
Costas largas?
Um caso emblemático é da Asolar, que está há pouco mais de um ano atuando nas Regiões Noroeste, Norte e Vale do Aço, mas já acumulou dívidas, deixou dezenas de comerciantes no prejuízo e trabalhadores sem salários.
Há poucos dias o Sindieletro denunciou que comerciantes da Região do Vale do Aço, acionaram a Polícia Militar para impedir que a empresa retirasse veículos e matérias de um galpão que estava com o aluguel atrasado. Donos de postos de gasolina, restaurantes e hotéis, cobram da empresa o pagamento de dívidas.
Diante de tantas denúncias não apuradas fica um sentimento de que o responsável pelo contrato com a empreiteira é incompetente e omisso, ou a Asolar tem as costas quentes.

Tudo parado por falta de combustível
Em Paracatu e em várias outras cidades da Região Noroeste, a segunda feira foi marcada pela ausência de manutenção na rede porque todos os veículos da Asolar estão parados por falta de combustível. O motivo: falta de pagamento a fornecedores.
De acordo com o coordenador do Sindieletro no Triângulo, Wilian Franklin, a Cemig está sendo complacente e omissa e parece não se importar com o caos instalado. De acordo com ele, vários pedidos de ligação estão atrasados na região. “Os comerciantes são formadores de opinião e estão com a paciência esgotada. É o nome da Cemig que está sendo jogado na lama”, diz.
Se com os fornecedores o descaso da empreiteira é total, o que dizer da situação dos trabalhadores? Em março deste ano os eletricitários da Asolar paralisaram as atividades por dois dias para cobrar o pagamento de salários e direitos.

Concessão da Cemig D está ameaçada
Diante da falta de coragem para apurar as denúncias e da queda na qualidade dos serviços, fica uma dúvida que precisa ser respondida pela direção da empresa: Será que a estratégia é exatamente jogar a qualidade do serviço no lixo, enxugar o quadro próprio, terceirizar tudo para fazer com que a população se revolte e a Aneel casse a concessão da Cemig