Participação da Petrobras nos investimentos no Brasil cai ao menor nível da história



Participação da Petrobras nos investimentos no Brasil cai ao menor nível da história

No primeiro trimestre, os investimentos totais da Petrobras somaram R$ 9,2 bilhões. Assim, a participação da estatal na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – índice que mede os investimentos totais no país – ficou em apenas 2,2%, menor nível da série histórica. Nos dois anos anteriores, esse índice ficou em 3,8%. Para efeitos de comparação, em 2009, a Petrobras chegou a responder por 11,1% dos investimentos no Brasil.

Entre janeiro e março, a Petrobras concentrou 78% do total investido – R$ 7,2 bilhões na atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo. E investiu apenas 14% – R$ 1,3 bilhão – em refino. O levantamento é da subseção do Dieese na Federação Única dos Petroleiros (FUP), com base em relatórios da própria estatal e dados do IBGE.

Essa queda brutal é reflexo da atual “política de desinvestimento”, que a companhia adota desde 2016. De lá para cá, os governos do golpista Michel Temer (2016-2018)e do atual presidente, Jair Bolsonaro privatizaram refinarias, além de diversas subsidiárias importantes, como a BR Distribuidora e a Farfen, essa última de fertilizantes.

Como resultado, o país ficou mais vulnerável à importação de combustíveis. E viu os preços dos derivados – como a gasolina, o diesel e o gás de cozinha – explodirem nesse período, em função da política de Preço de Paridade de Importação, que vem sendo adotada desde então.

“Infelizmente faz parte do encolhimento que a Petrobras vem passando, desde o governo Temer. E principalmente agora, no governo Bolsonaro”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar ao jornalista Glauco Faria, noJornal Brasil Atual desta sexta-feira (15). Ele destacou que, entre 2009 e 2013, a estatal chegou a investir cerca de US$ 40 bilhões ao ano, contribuindo para a criação de emprego e renda no país. Em 2010, por exemplo, o PIB do Brasil cresceu 7,5%, melhor resultado em 25 anos, puxado em grande medida pelos investimentos públicos, com destaque para a estatal do petróleo.

A quem beneficia o encolhimento da Petrobras?

Para Bacelar, o “encolhimento” da Petrobras faz parte de um “conluio” muito bem montado, que atende a interesses privados. Isso porque a redução dos investimentos ocorre ao mesmo tempo em que a empresa vem registrando lucros recordes.

“No ano passado, foram R$ 106 bi de lucro líquido da Petrobras. E uma distribuição de dividendos da monta de R$ 101 bilhões. Por isso não temos aumento dos investimentos aqui no país”. Nesse sentido, ele afirmou que é necessário que a empresa volte a servir ao povo brasileiro, “e não apenas aos acionistas minoritários, que hoje estão ganhando muito dinheiro“.

Com a redução dos investimentos no refino, a produção de derivados no primeiros trimestre caiu para 1,73 milhão de barris/dia, abaixo do total de 1,85 milhão de barris diários registrados no ano passado. No diesel, , a produção média da Petrobra caiu 726 mil barris/dia de 2021 para 684 mil barris/dia entre janeiro e março.

Por outro lado, subiu de 363 em 2016 para 643 em dezembro do ano passado o total de empresas que atuam no Brasil importando combustíveis do exterior. “Se houvesse a retomada dos investimentos no parque de refino, hoje, além de autossuficientes em petróleo, também seríamos autossuficientes em refino. O que permitiria que precisássemos mais importar diesel, GLP e muito menos gasolina de outros países, principalmente Estados Unidos”, disse Bacelar. Ao contrário, o país corre o risco de sofrer desabastecimento de diesel ao longo do segundo semestre.

Fonte: Rede Brasil Atual

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