Vazamento do “Listão da Odebrecht” confirma que Moro se coloca acima da lei para acobertar PSDB. O juiz determinou o sigilo da lista.
Documentos com mais de 200 nomes de políticos de vários partidos revelam a gravidade do financiamento privado de campanha, colocam investigações sob suspeita e mostram que a reforma política abrangente nunca foi tão necessária
Buscas feitas pela operação Lava Jato na residência de Benedicto Barbosa Silva Junior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, encontraram, em fevereiro, tabelas e planilhas com nomes de políticos de vários partidos. Os documentos relacionam nomes da oposição e do governo, como por exemplo, Aécio Neves (PSDB), Romero Jucá (PMDB), Eduardo Cunha (PMDB), Humberto Costa (PT), Márcio Lacerda (PSB – prefeito de BH), José Serra (PSDB), Geraldo Alkmin (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre vários outros. Nenhum dos nomes citados é Lula ou Dilma.
As informações contidas na lista confirmam o que a imprensa livre vinha denunciando que o PSDB, apesar de ser o partido mais beneficiado pelas doações de campanha, vinha sendo acobertado pela Lava Jato. Os valores também reforçam a urgência da reforma política ampla e a manutenção do fim das as doações privadas de campanha, raiz da corrupção no Brasil. O STF decidiu pelo fim do financiamento privado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fez uma manobra para aprovar projeto de doações, contrariando o Supremo, mas a presidente Dilma vetou a proposta.
O Jornal Zero Hora publicou que as doações da Odebrecht a Aécio Neves foram uma das irregularidades apontadas pelo Tribunal Superior Eleitoral ao julgar a prestação de contas da campanha tucana em 2014. De acordo com a assessoria técnica do tribunal, Aécio repassou para o PSDB uma doação de R$ 2 milhões da Odebrecht, mas não registrou a transferência na prestação de contas.
As buscas fazem parte da 23ª fase da Lava Jato, chamada de Acarajé, que teve como um dos alvos a ação do executivo da Odebrecht nas doações eleitorais e repasses ilícitos a políticos. Chama a atenção o fato de, logo após o vazamento, no último dia 22, o juiz federal Sérgio Moro ter decretado o sigilo sobre a superplanilha da Odebrecht . Por causa da parcialidade de Moro, os arquivos com as listas só foram descobertos um mês depois das investigações.
As planilhas são riquíssimas em detalhes e apontam que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira para os citados nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014. As informações declaradas no SPCE (Sistema de Prestação de Contas Eleitorais, do TSE) daqueles anos não correspondem às dispostas nas tabelas.
Em 2012, a Construtora Norberto Odebrecht doou R$ 25.490 milhões para partidos e comitês de campanha. Em 2014, a soma de doações da construtora foi de R$ 48.478 milhões divididos entre candidaturas individuais e comitês dos partidos. Em 2010, o total foi de R$ 5,9 milhões, apenas para partidos e comitês de campanha.