Desde que a Cemig comunicou, em janeiro, que a distribuição da verba de 1,2% do PCR seria finalizada em março, os eletricitários se perguntam se haverá justiça e transparência no processo.
O Sindieletro ouviu trabalhadores sobre o comunicado e muitos duvidam muito que haja justiça na distribuição por causa dos critérios subjetivos usados, privilegiando poucos e gerando insatisfação geral.
Os eletricitários ouvidos também defenderam a utilização da verba a título de aumento real, linear, como reivindicaram na Campanha Salarial de 2016. “Pelo menos não fica a sensação de injustiça”, afirmou um eletricitário de BH.
Um trabalhador da região Oeste denunciou que a última avaliação de desempenho foi subjetiva e cheia de brechas, prejudicando trabalhadores. “Jogaram para baixo a pontuação daqueles que os gerentes ou supervisores não querem que recebam a verba”.
Em usinas da Cemig, o sentimento de eletricitários não é diferente. “As disparidades só vão aumentando. Gente que está mais tempo na casa ganhando menos que colegas com menos tempo, e pessoas que são novas de Cemig e não enxergam nenhuma perspectiva na carreira. Vários colegas planejam sair da empresa e já estão estudando para novo concurso”, revelou um operador de usina, no Triângulo.
O trabalhador de usina destaca que não há valorização, mesmo quando se tem boa nota. “Dizem que não tem verba suficiente, mas os ‘queridinhos’ sempre são contemplados”, denuncia.
Outros eletricitários denunciam assédio da Cemig contra quem tem ação na Justiça Trabalhista reivindicando direitos. No final das contas, na hora de dar aumento, não se considera as competências, a dedicação, o esforço do trabalhador. “Na prática, os gestores punem quem cobra seus direitos, como se fosse um crime ter consciência de classe e correr atrás do que a Cemig sonega”, lamentou um eletricitário do Vale do Aço.
Um eletricitário da Grande BH afirmou que as gerências não dão retorno algum sobre o resultado da avaliação, deixando o trabalhador sem saber onde pode melhorar.
Do jeito que a Cemig vem agindo, o novo PCR pode ser outra frustração. “Tenho medo que continue a mesma coisa, porque a empresa não garante mexer no que realmente precisa. É preciso mudar os pontos subjetivos - reduzindo o poder dos gerentes de terem a palavra final e as brechas que favorecem quem o gerente quer- e rever a verba, que é pouca”, pontuou um técnico, de Belo Horizonte.