Para além da doença, um inimigo invisível nos traz um novo desafio no mundo contemporâneo: O isolamento social (atenção para a palavra social!) também nos revela as mazelas do contexto em que vivemos. Nada é descontextualizado, nada! Somos seres sociais, e nossa sociabilidade depende de maneira significativa do trabalho. Foi por meio dele que o ser humano, de um ser puramente biológico, passou a um ser de interações e evoluções. É o trabalho que garante o desenvolvimento da sociedade. Mas de que trabalho estamos falando? Vivemos em um mundo capitalista neoliberal, onde o trabalho deixa seu valor de garantia de sobrevivência e assume seu objetivo máximo: a geração de lucros, a exploração e o acúmulo de riquezas.
A parada da produção da maioria dos setores implica no freio da obtenção exacerbada de lucros. A quem isso incomoda? Certamente, aos que vivem dessa exploração. Essa configuração social no revela, ainda, que vivemos em uma rede de codependência - dependemos uns dos outros, dependemos do trabalho uns dos outros. Quando um cessa, os outros sofrerão, é um efeito cascata!
No Brasil pós reformas trabalhistas, 40% da força de trabalho concentra-se na informalidade. São os que mais sofrem com uma parada, com o isolamento social. A falta de direitos e garantias coloca à prova a sobrevivência de cada família. Mas então, a que serve um isolamento?
Os impactos econômicos e sociais são inevitáveis, mas não irreversíveis. Um governo que se preocupa com o bem estar do seu povo deveria garantir dignidade e condições de saúde à sua população. De uma maneira geral, nesse momento a ciência é a maior aliada. Ela deve guiar as ações e condutas dos países, que mobilizarão seus recursos para combater a ameaça. Como já sabido, o isolamento diminui a propagação do vírus, evitando casos graves e a perda de milhões de vidas. É comprovado, em países que tem adotado o isolamento social, que o contágio diminui progressivamente. Ainda não há tratamento nem vacina, portanto, esta é a nossa única opção!
No entanto, nem todos podem se isolar. Mas se você pode, faça a sua parte. Fique em casa, privilegie comércios locais que estão operando em formato delivery. Embora estejamos vendo o maior chefe do Estado caminhando na contramão de todos os países do mundo atingidos pela pandemia, não é hora de afrouxar as medidas.
Ficar isolado traz também desafios para a nossa saúde mental: exige reorganizações subjetivas, novas formas de lidar com o cotidiano. Não despreze a sua ansiedade e apreensão nesse momento, elas são alarmes importantes. No entanto, não se apegue a elas.
Faça atividades que te dão prazer, atividades físicas, mesmo se não tiver costume, informe-se e atualize-se apenas o suficiente para proteger a si e aos demais. Nada mais que isso. Já houve muito esforço! Não desperdicemos tudo o que já foi feito. Continuemos firmes!
O Sindieletro coloca-se à disposição, por meio da Psicóloga da Secretaria de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, Julie Amaral, a atender, online, à toda categoria eletricitária.
Para isso, ligue para (31) 9 8402 8245 de 9h às 17h. Este número é exclusivo para agendamento de atendimentos!
Trabalhadores e trabalhadoras: vocês não estão sozinhos. Vamos, juntos (e isolados), superar esta crise sanitária, humanitária e econômica.