Dentre os vários assuntos que se destacaram no cenário da relação trabalhista dentro da Cemig na última semana, dois merecem destaque: o calote na PLR e a extinção arbitrária do trabalho híbrido.
Sobre o Calote da PLR, medidas jurídicas, políticas e, principalmente, de mobilização estão em andamento. Sobre o trabalho híbrido, ainda aguardamos o início de uma prometida negociação.
Importante, nestes dois casos, perceber como a Gestão Zema se utiliza de temas tão relevantes para causar a divisão da categoria. Pagar a PLR para apenas uma parcela da categoria, pagar valores altíssimos aos privilegiados da hierarquia da empresa, incentivar a filiação a sindicatos de fora da própria base territorial, escolher, dentro destes sindicatos, a quem deseja e a quem não deseja pagar e, por fim, deixar a maior parte da categoria sem acesso ao seu direito de receber PLR, inclusive com pagamentos irregulares e ilegais, embora seja uma atitude covarde e insensível, que está bastante alinhada com a metodologia de trabalho que pretende dividir para conquistar.
No tema do trabalho híbrido, a tática tem sido semelhante. Ao restringir o direito a apenas parte da categoria, alijando, inclusive, trabalhadores e trabalhadoras que, pela natureza da função, facilmente poderiam exercê-la de forma remota, a gestão da Cemig já tinha demonstrado que não pretendia democratizar o tema. Agora, ainda mais, ao suprimir o trabalho híbrido, faz parecer que está se extinguindo um privilégio. Não foram consideradas as particularidades da parcela feminina da força de trabalho que atua em jornada dupla ou tripla, os ganhos de produtividade obtidos com o trabalho remoto ou a falta de estrutura da empresa para receber os trabalhadores e trabalhadoras em regime presencial neste momento.
A conquista de um direito por uma parcela da categoria precisa ser compreendida como uma conquista de toda a classe trabalhadora, porque aponta para a construção de uma relação de trabalho mais avançada, e prepara condições para novos avanços que venham a contemplar aqueles ou aquelas que talvez não tenham sido contemplados(as) em um primeiro momento.
Importa também que a classe trabalhadora possa apropriar-se das novas tecnologias para criar alternativas que abarquem não só as intencionalidades do capital, mas também as necessidades da força de trabalho. Apoiar a luta do outro, seja pela PLR ou pelo regime híbrido, é apenas uma das possíveis formas de expressar nossa solidariedade. Apenas a solidariedade de classe é capaz de criar uma força coletiva capaz de enfrentar a agressividade e a truculência dos donos do Capital e daqueles que agem a seu mando.
Emerson Andrada, coordenador-geral do Sindieletro