Palavra do Diretor: sindicatos e cultura



Palavra do Diretor: sindicatos e cultura

Estamos em 2019 e os Movimentos Sociais, Sindicais e Culturais parecem que voltaram a um passado sombrio, quando se viam ameaçados pela censura, pela falta de direitos e se deparam hoje com um governo que tenta destruir nossas conquistas. Somos obrigados a restaurar nossas formas de lutas, como sugeri no texto abaixo publicado no Chave Geral de agosto de 1994, atualíssimo. Confira:

O desinteresse pelo coletivo, o corporativismo, a alienação e todo tipo de desmobilização são, no meu entender, o resultado do desconhecimento e da total falta de acesso que o trabalhador, o cidadão comum tem pela cultura. Isso tudo é claramente um problema cultural.

Os movimentos populares e sindicais devem investir nessa conscientização, buscando o resgate dos costumes, da tradição da cultura popular e até mesmo, da cultura erudita. É sabido que a arte é uma forte arma para a transformação de uma sociedade mais justa e digna.

O poder de modificação de comportamento que a música, o teatro, a literatura e a arte em geral têm já foi provado ao longo de nossa trágica história. História não muito distante, onde a repressão, a ditadura, o militarismo selvagem, a tortura, a opressão e toda forma de censura tentou (e às vezes o fez) exilar todo tipo de manifestação cultural em nosso país.

Consumimos hoje uma cultura que às vezes (e muitas vezes) não é nossa. Existe no ar aquela sensação de falta de identidade, que só é quebrada em raros momentos em que nos deliramos diante de uma performance ou uma apresentação artística, seja qual for a linha ou estilo.

O artista, a sua obra e tudo que venha deles é sem dúvida alguma a linguagem mais direta, clara e eficaz quando se pretende transmitir algo.

Diante dessas constatações, cabe aos artistas, aos movimentos populares, aos sindicatos e aos partidos políticos, comprometidos com a transformação social, uma discussão mais profunda sobre a questão (não deixando-a em segundo plano), no sentido de viabilizar, capacitar e estruturar um movimento verdadeiramente cultural.

Marcelo Borges, secretário de Cultura do Sindieletro (texto publicado no Chave Geral, 530 – de 2 a 8 de agosto de 1994)

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