Desde o início de minha carreira, nos tempos que ainda atuava como eletricista, me incomodava bastante a atitude de alguns companheiros durante as assembleias de trabalhadores e nos dias posteriores à aprovação da greve.
Se o companheiro votasse contra a greve, não havia nada que os mais aguerridos pudessem fazer pra convencê-lo a aderir à paralisação. “Não vou fazer greve, votei contra. Quem votou a favor, que pare!”.
No alto da ignorância dos meus 19 anos, me questionava: “Como a greve é uma decisão coletiva, é justo uma decisão individual sobrepor à da maioria?”. E ainda ponderava: “ Se esta greve permitir que avancemos nas reivindicações, será justo quem não aderiu à luta, usufruir das conquistas?”. Democracia é isso. Temos a liberdade de votar individualmente, mas no momento que a maioria decide, temos que acatar a decisão.
Hoje, aos 36 anos, as indagações continuam: “Será que o problema é meu em achar que todos deveriam dividir também o ônus democrático? Tudo que sei sobre democracia, assembleias e luta de trabalhadores está errado”? Espero que não.
No mais, a luta continua!
Por Elisa Carolina Cândido Novy, Diretora - Secretarias de Formação, Mulher Trabalhadora e Saúde do Trabalhador