A participação de eletricistas de linha viva na terceira reunião do Pacto pela Saúde e Segurança, realizada de 18 a 20 de março, na UniverCemig (conhecida como escolinha de Sete Lagoas), deu novo impulso às discussões. Os 18 trabalhadores escolhidos para representar as equipes de campo da SM (Superintendência de Serviço de Média e Baixa Tensão da Distribuição) de todo o Estado relataram as condições de trabalho em que atuam.
Eli Ananias de Oliveira, eletricista do Anel Rodoviário, descreveu o processo de trabalho e os riscos na execução da tarefa de substituição de poste com estrutura em ângulo com equipamentos, conforme discutido em seminário promovido pelo Sindieletro. O instrutor da Univercemig, Sérgio Rocha, expôs a metodologia e procedimentos para a manutenção em linha viva.
Três subgrupos discutiram solução de problemas com ações imediatas a médio e longo prazo. O planejamento coletivo apontou a necessidade de melhorias na estrutura de comunicação com o COD, nos parâmetros do equipamento RA/HOTLINE, na qualidade da manutenção de veículos e equipamentos e a importância de valorização de ‘filosofias’ e atribuições da linha viva. As ações propostas também apontam a necessidade de maior eficiência na capacitação dos eletricistas iniciantes e dos supervisores, garantia de técnicos exclusivos para linha viva e mais qualidade e quantidade dos EPIs, como luva e manga isolante.
As sugestões serão avaliadas pelo grupo do Pacto, que terá nova reunião nos dias 9 e 10 de abril, na Univercemig.
Dificuldades e esperança
Diante do objetivo prioritário de discutir a atividade de linha viva, que é de evitar interrupções nos serviços, e as implicações desta visão para a segurança dos trabalhadores, despontaram problemas, como o novo sistema de formação de eletricistas. Enquanto a formação ideal é de 2 anos, hoje os trabalhadores recebem poucos meses de treinamento e estágio curto, já que o serviço de manutenção foi terceirizado e eles não passam mais pela atividade, antes considerada preparatória para entrar na média tensão.
A adoção de metas de produtividade, o desligamento de trabalhadores experientes, o amadurecimento da equipe e o descuido com medidas de segurança, como a lavagem adequada de luvas pelos trabalhadores, preocupam. A redução das paradas no trabalho de campo para reunião de avaliação e a diminuição de atividades de acompanhamento de equipes também prejudicam o processo de trabalho. Outros levantamentos foram apontados para melhorias no serviço de linha viva, como a implementação do resgate de eletricista na cesta aérea, em caso de acidentes, e garantia da função de encarregado na supervisão do serviço. Mas há fatores positivos foram apontados, como a utilização de cestas aéreas mais protegidas.
O eletricista Eli Ananias de Oliveira diz que ficou claro que as dificuldades enfrentadas no dia a dia são praticamente as mesmas em todas os gerências. Para ele, o que importa é dar ao eletricitário condições de fazer seu trabalho na Cemig, tranqüilo, sabendo que vai voltar bem para casa. “Passar todas as dificuldades do trabalho e ainda conviver com o medo de acidente estava mesmo muito difícil e nos dava a sensação que não valia a pena continuar na linha viva, e agora, com o Pacto, há esperança de melhoras”, diz.
Foi aprovada na reunião do Pacto a leitura das atas de reuniões de CIPA, para balizar o debate envolvendo os membros de Comissão Interna de Prevenção de Acidente. As atas de todas as reuniões do Pacto serão disponibilizadas no site do Sindieletro.
A expectativa do Sindieletro é que todas as medidas necessárias sejam adotadas pela empresa, em nível de gerência, superintendência ou diretoria. O segundo tema do Pacto será o processo de trabalho dos terceirizados. Para todos os temas, serão promovidas reuniões setoriais específicas sobre saúde e segurança com a categoria, para que participe das decisões.