Os tempos das lamparinas voltaram



Os tempos das lamparinas voltaram

Nascida em 1921, Maurília Francisca de Jesus ou Dona Lilica, como é conhecida no pequeno Distrito de São Tomé de Minas, em Inhapim, Leste do Estado, sabe muito bem o que é viver sem a comodidade e o conforto proporcionado pela energia elétrica.

Mãe de cinco filhos, Dona Lilica lembra que a vida era muito dura. Além das dificuldades financeiras, a falta de energia tornava tudo ainda mais difícil. “A gente tomava banho frio, ninguém conhecia geladeira e televisão, a carne era guardada na lata com gordura para não estragar e, de noite, a casa era iluminada por lamparinas”, conta.
Mas tudo mudou com a chegada da rede elétrica no início da década de 70, no século passado. “Foi uma benção de Deus! Todo mundo ficou abismado, teve missa e festa para comemorar. Enfim, a gente podia usar chuveiro e tomar banho quentinho, assistir televisão, acender a luz, uma maravilha!”, afirma.

Hoje, com seus 96 anos de idade, Dona Lilica não poderia imaginar que a velha lamparina guardada como lembrança dos tempos difíceis voltaria a ser utensílio indispensável para os moradores de São Tomé de Minas.

De volta ao passado

A rede elétrica do distrito continua a mesma da década de 70. Durante todo esse tempo não houve investimentos na melhoria da distribuição e os problemas se agravam. Há cerca de cinco anos, os moradores de São Tomé convivem com constantes interrupções no fornecimento de energia, que pode durar até três dias. O jeito para não ficar no escuro é acender as lamparinas.

A iluminação pública não consegue atingir as ruas, que passaram a ficar desertas por causa da escuridão. Nas residências é só ligar o chuveiro ou qualquer outro aparelho elétrico e pronto: tudo fica no escuro. Na zona rural, produtores amargam prejuízos constantes com a perda da produção de leite e a queima de equipamentos; os comerciantes observam, impotentes, o lucro ir para a lata de lixo.

Indignação

Cansados de reclamar com a Cemig, pois não há resposta da empresa, os moradores de São Tomé de Minas organizaram um abaixo-assinado para envolver toda a população na pressão para a empresa resolver o problema. O documento foi encaminhado no dia 17 de maio para a Cemig, para a Aneel e o Ministério Público.
De acordo com o jornalista, Agnaldo Moreira, e o estudante, Peterson Alves de Lima, que encabeçaram o abaixo-assinado, “a Cemig é totalmente omissa e desrespeitosa com os moradores de São Tomé de Minas. Eles pagam suas contas em dia, mas recebem um serviço de péssima qualidade”.

No dia 8 de junho, a Cemig informou a Agnaldo Moreira que a reclamação foi repassada para a área responsável e que será agendada a instalação de um equipamento para funcionar durante sete dias, visando a medição gráfica dos níveis de tensão da rede de São Tomé de Minas. Após avaliar os resultados, a empresa se comprometeu a tomar as medidas necessárias para regularizar a situação. É uma providência prometida que, até o momento, não aconteceu.

Muito além do conforto

Agnaldo lembra que a chegada dos postes, fiação e equipamentos para a instalação da tão sonhada rede elétrica foi muito festejada pelos moradores, porque proporcionaria segurança, a possibilidade de utilização de equipamentos domésticos e a melhoraria da qualidade vida. Porém, “aos poucos, estamos ficando no escuro. Ruas sem iluminação adequada, as casas voltando a utilizar as antigas lamparinas e equipamentos funcionando precariamente.

Agnaldo destaca ainda que, “a eletrificação rural é um fator primordial para o desenvolvimento humano, econômico e social, além de possibilitar conforto, satisfação e acesso aos meios de comunicação e informação, não só para o distrito, mas para todo o país.

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