Entramos na Campanha de Renovação do Acordo Coletivo de Trabalho com uma atuação sindical renovada e prontos para todos os enfrentamentos necessários. Sabemos que 2016 é ano de grandes desafios e incertezas que vêm da crise nacional, do golpe contra os trabalhadores; das propostas de mudanças na Previdência e CLT, do fim da Sentença Normativa e, também, da insegurança que o governo do Estado e a diretoria da Cemig geram nas relações de trabalho.
Depois de 16 anos de luta do Sindieletro e da categoria contra a política neoliberal da gestão anterior na Cemig, esperávamos, com a mudança de governo, viver novos tempos, de valorização e respeito com o eletricitário. Mas, no ano passado, tivemos uma Campanha difícil que nos levou à greve de 54 dias. Agora, estamos novamente iniciando nossa Campanha Salarial e temos muitos motivos para mobilizar e cobrar o que é nosso de direito.
Durante um evento recente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC) ficou clara a negligência da Cemig pela nossa pauta de reivindicações, tudo para agradar o mercado. Igualzinho a gestão anterior. Prevalecem as intenções de fazer “mais com menos”. Na abertura do encontro de investidores, o presidente da Cemig, Mauro Borges, anunciou que é prioridade a recuperação da sustentabilidade financeira da empresa e do seu valor de mercado por meio da redução de pessoal e transferências de participações da Cemig em outras empresas do grupo.
Enquanto o diretor Comercial, Evandro Vasconcelos, afirmava que, em relação ao mercado de energia, a situação de contratação da Cemig era “extremamente confortável”, Mauro Borges anunciava “ajustes nas despesas após o PDVP”. As promessas feitas aos acionistas foram cumpridas com as 160 demissões que a Cemig fez em junho deste ano e que o Sindieletro denunciou e está contestando judicialmente.
Com salário de R$ 60 mil, Borges ainda repetiu para acionistas o descalabro que a Cemig “tem nível salarial muito acima do mercado e nível de produtividade abaixo”. O diretor de RH, Márcio Serrano, completou o desrespeito, afirmando que na Cemig há muitas pessoas que já “cumpriram seu ciclo de trabalho” e que é preciso “renovar a liderança” da empresa. Em outras palavras: para Serrano, está na hora de trabalhadores experientes e que dedicaram a vida à Cemig serem descartados.
Na nossa largada da Campanha Salarial, avisamos que não assistiremos passivamente a continuidade de uma política de retirada de direitos e de estagnação da pauta dos trabalhadores. Lembramos que essa empresa alcançou o atual nível de endividamento crítico após anos de equívocos na distribuição de dividendos. Mas, por incrível que pareça, o diretor financeiro da gestão anterior foi premiado com novo cargo de diretor, na atual diretoria. Não aceitamos ser perversamente culpabilizados pelos prejuízos de mais uma gestão baseada na terceirização, nos cortes na manutenção da rede elétrica, que colocam em risco a concessão da Cemig D, e na discriminação e não valorização de seus trabalhadores.