Opinião: As vinhas da ira



Opinião: As vinhas da ira

Ao invés dos desenhos, palavras. O militante e cartunista do Sindieletro, Nilson Azevedo, traz o bom humor e a crítica de sempre em comentário sobre o atual momento político brasileiro.

*Todo mundo sabe que a direita loteou a imprensa com odiadores (haters) profissionais do PT e da esquerda em geral. Não tem um jornal, uma rádio, um canal, uma revista da chamada grande imprensa que não tenha, com carteira assinada, pelo menos uns cinco semeadores de ódio contra a esquerda.

Mas o “top de linha” dessa nefasta casta de semeadores é mesmo a Rede Globo e seu canal a cabo, a Globo News. Basta assistir a este canal por meia hora para saber onde nasce o ódio terceirizado dos coxinhas, que os faz ir à rua com ímpetos de linchar petistas, cutistas, bolivarianos.

Cristiana Lôbo, Gerson Camarote, Merval Pereira, Renata LoPrete, Arnaldo Jabor, Lucas Mendes, Eliane Catanhêde, Leilane Neubarth. São muitos os haters coxinhas. Mas, sem dúvida, o rei dos semeadores sinistros é o William Waack, do “Jornal da Globo” que passa lá pelas uma da madrugada.

Waack é aquele que durante a estranha visita de um porta-aviões americano às praias do Rio, fez uma reportagem lambendo o marrom dos gringos. Essa visita à belonave estrangeira rendeu-lhe a acusação, pelo Wikileaks, de ser um espião da CIA no Brasil. Claro que ele nega.

Alto, com olheiras profundas que a pesada maquiagem não consegue disfarçar, William Waack nos lembra um porteiro de um filme B de terror. Melhor, lembra o próprio Conde Drácula.

Os outros odiadores disfarçam seu ódio fazendo gestos, caras e bocas encharcando de ironia e desprezo o texto falsamente objetivo que recitam comoum mantra, não importa o programa ou horário.

William Waack não. Seu ódio é direto e sem disfarces. Por maior que seja o crime noticiado, esse ódio nunca é dirigido aos “istazunidos”, à Israel ou aos mandarins tucanos. Esse ódio é sempre dirigido contra os que representam os oprimidos, os trabalhadores, os colonizados que lutam contra o império do capital.Será que foi esse ódio que levou sua colega Cristiane Pelajo a sair do programa?

Na última terça, dia 15 de março, William Waack atingiu o ápice do seu jornalismo impuro. Havia sido divulgada a delação do Delcídio e o Mercadante concedido uma entrevista mostrando como a revista Veja havia editado sua conversa com o assessor de Delcídio, pelo telefone, publicando só o que pudesse sugerir alguma coisa ilegal.
Na mesma delação, Delcídio acusa Fernando Henrique Cardoso e até a mãe do Aécio. Pois bem, o Waack omitiu as acusações a FHC, encurtou as do Aécio e editou a entrevista do Mercadante, acusando a Veja de ter editado a sua fala.

Enquanto isso, as acusações contra Dilma e Lula foram recitadas como se fossem verdades eternas, com um furor e deleite de uso privativo de um Gilmar Mendes.Isso é jornalismo? Isso é liberdade de expressão?

Na manifestação do dia 18, o segundo grito mais ouvido foi “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”! Podíamos acrescentar um novo grito: “William Waack, volta para a Transilvânia!”


Por Nilson Azevedo, chargista e cartunista do Sindieletro -MG

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