É fato que políticos insatisfeitos com a Lava Jato viram uma oportunidade em equívocos da Carne Fraca para fazer queixas em relação às investigações. Mas a Lava Jato está cheia de excessos e abusos de autoridade. Isso é ruim para a própria investigação.
E não adianta culpar os políticos por erros que foram cometidos por policiais, procuradores e o juiz Sergio Moro. É necessário espírito crítico em relação aos políticos e empresários corruptos, mas também em relação aos aplicadores da lei.
Nesse contexto, voltando à Carne Fraca, o que houve nessa operação foi um tom de espetáculo preparado com espírito de marketing. A ação aconteceu exatamente no aniversário de três anos da Lava Jato. Houve enfoque na qualidade da carne de modo a causar forte impacto. Causou.
Causou tanto que vai prejudicar as exportações do Brasil, vai afetar a geração de empregos e levou desconfiança aos brasileiros de modo geral.
É fundamental dar segurança à população sobre a qualidade dos produtos que ela consome. Mas é óbvio que a forma como a operação foi executada e divulgada trouxe prejuízo ao Brasil. Houve um efeito global.
O combate à corrupção é fundamental. Criticar erros de quem investiga ajuda a melhorar a qualidade das apurações. A Carne Fraca expôs de maneira mais nua e crua esse pendor pelos holofotes que tem seduzido policiais, procuradores e magistrados de todas as instâncias.
Meta de inflação deve cair em 2019
Em entrevista ao SBT, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o mercado já precificou a nova lista de Janot e que não deverá haver mais incerteza ou prejuízo econômico quando o ministro do STF Edson Fachin quebrar sigilo das delações da Odebrecht.
Ele afirmou que haverá correção da tabela do IR das Pessoas Físicas, mas apenas para a declaração de 2018. Neste ano, as declarações vão ser feitas de acordo com a atual tabela, que cobra imposto de quem ganha acima de R$ 1.903,98. Para cumprir a meta fiscal deste ano, ele confirmou que vai aumentar impostos, como PIS-Cofins, e que deve cortar desonerações feitas no governo Dilma Rousseff. Segundo ele, essas desonerações não geraram emprego e contribuem para o deficit fiscal.
O ministro afirmou que é possível reduzir meta de inflação para 2019. Hoje o centro da meta é de 4,5% ao ano, com intervalo de variação de um ponto percentual e meio para cima ou para baixo. Com a queda da inflação, é uma medida correta reduzir a meta em junho. Nesse mês, haverá reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), que tem de fixar a meta de inflação com dois anos de antecedência.
Uma informação importante e de interesse dos trabalhadores é que Meirelles acha preferível fixar a responsabilidade solidária no lugar da responsabilidade subsidiária na legislação sobre terceirização que o governo vai deixar de pé após analisar o que vetará do projeto já aprovado na Câmara e da proposta que será votada no Senado. Isso dá mais segurança aos trabalhadores de que as obrigações trabalhistas e previdenciárias serão respeitadas.
O ministro também afirmou que o povo vai sentir a volta do crescimento econômico no segundo semestre e que seria uma honra ser candidato à presidente. Mas aí desconversou, dizendo que qualquer função pública é honrosa. Ou seja, deu resposta de candidato.
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