O que tem em comum a morte de três eletricitários terceirizados e as eleições Forluz?

Por Vander Meira Pereira, Secretário-Geral do Sindieletro-MG

Em princípio pode parecer que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas se analisarmos pelo aspecto da privatização, tem tudo a ver...

E não são só esses dois fatos que estão relacionados... Também temos a prática contumaz do governador Romeu Zema de criticar a Cemig em todos os cantos do Estado e fora dele, em todas as oportunidades que lhe aparecem.

Vejamos, o governador já deixou claro seu propósito de privatizar as empresas estatais do Estado de Minas Gerais, sejam elas lucrativas ou não, prestem um bom serviço ou não, sejam responsáveis pelo desenvolvimento do Estado e bem-estar da sociedade mineira ou não.
Então, o que ele faz diretamente? Fala mal da empresa o máximo que pode, em todos os lugares onde é possível.

E indiretamente? Coloca na gestão da empresa pessoas sem nenhum comprometimento com a sociedade e os cidadãos mineiros, aliás nem mineiros são. Para que possam implementar políticas de gestão que levem ao “desmonte” da empresa. Esse desmonte se dá através de sucessivos programas de desligamento agressivos, sem a realização de concursos públicos para recompor a força de trabalho altamente qualificada, diminuindo-a até o ponto em que os trabalhadores que permaneceram na estatal fiquem tão sobrecarregados, que diminuem sua capacidade produtiva, levando a um estresse absurdo e, em alguns casos, levando trabalhadores a pedirem demissão sumariamente, por não aguentarem a pressão.

Outra forma de desmontar a empresa é terceirizar indiscriminadamente... Sem nenhuma crítica aos trabalhadores terceirizados, que aliás são vítimas nesse processo. A Cemig, ao terceirizar, joga toda a responsabilidade de treinamento e capacitação dos trabalhadores para as empresas terceirizadas que, sem o rigor na fiscalização e com objetivo unicamente de lucrar sem interesse no bem-estar da sociedade, acabam deixando os eletricitários a seu serviço em condições técnicas e até estruturais bem inferiores às condições dos trabalhadores próprios, sem falar nos salários bem inferiores. Isso torna mais comum a ocorrência de acidentes entre os terceirizados que entre os trabalhadores próprios, causando tragédias como a morte dos três eletricitários a serviço da Connorte Construções e Serviços Ltda, empreiteira contratada da Cemig.

O desmonte tem objetivos claros: piorar a qualidade dos serviços prestados para a sociedade, fazendo a empresa cair no conceito da população e, assim ganhar, apoio para a privatização da Cemig, com discurso de que é uma forma de melhorar os serviços; tornar a empresa um péssimo lugar para se trabalhar para favorecer os desligamentos dos trabalhadores, seja por programas de desligamento agressivos e sucessivos, seja por pedido de demissão; acabar com despesa da empresa com o chamado pós-emprego, que são os benefícios conquistados pelos trabalhadores através de décadas de lutas, como a previdência complementar, seguro de vida, plano de saúde, entre outros, diminuindo dessa forma o valor de venda da empresa.

Observamos então que o acidente fatal envolvendo três trabalhadores de empresa terceirizada da Cemig, a eleição no fundo de previdência complementar Forluz, o adoecimento por estresse de diversos trabalhadores próprios da Cemig, como os agentes de relacionamento comercial, a demissão dos pilotos da estatal, o retorno dos trabalhadores cedidos para a Gasmig e a dificuldade em realocá-los na Companhia, e vários outros eventos, conectam-se pela obsessão do governador Romeu Zema em privatizar e a determinação de seus asseclas na companhia, presidente Reynaldo Passanezi, diretor Leonardo George de Magalhães, e outros, em cumprir à risca a tarefa que lhes foi dada pelo governador...

É necessário, mais do que nunca, nos organizarmos para defender nossos direitos enquanto trabalhadores, defender a Cemig como empresa pública, pertencente ao povo mineiro, prestadora de serviços de qualidade; e conscientizar a sociedade mineira do papel importante da Cemig para o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais e para a manutenção de serviços públicos de qualidade prestados para todos os cidadãos mineiros.