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No início de agosto, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a pedido do deputado Betão (PT), realizou uma visita técnica e de fiscalização na UniverCemig (antiga Escolinha de Sete Lagoas) e o que encontrou foi exatamente a situação de extrema precarização denunciada pelo Sindieletro faz tempos.
A Comissão, com a presença do deputado Betão e de diretores do Sindieletro, comprovou a capacidade ociosa e prejuízo à formaçãode trabalhadores. O campus universitário é amplo, mas prédios inteiros estão fechados. Vários desses prédios estão com paredes externas mofadas, vidros quebrados nas janelas e equipamentos abandonados. A caixa d´água de grande porte apresenta infiltração na maior parte de sua extensão, com vazamento contínuo. Alojamentos que antes hospedavam os alunos estão desativados e o refeitório, recentemente reformado, foi fechado.
Uma das oficinas, de mecânica, foi trancada e pelos vidros da porta constatou-se móveis e armários empoeirados e empilhados, e diversos equipamentos abandonados.
Nos espaços em uso, a Comissão se deparou com apenas uma turma de alunos e percorreu dois laboratórios conservados e ainda utilizados, mas de forma aquém de sua capacidade.
Um dos laboratórios guarda o que há de mais moderno em inspeção demográfica para manutenção preventiva em redes elétricas. O outro reúne miniaturas de todos os equipamentos que compõem uma subestação de energia, um acervo de custo estimado em R$ 3 milhões. É onde alunos são formados na prática a conhecer seu funcionamento, identificar problemas e fazer reparos.
Além disso, o quadro de instrutores foi reduzido de 60 para 12 professores, e tem ainda a perspectiva de ser mais reduzido, chegando a oito instrutores no final deste ano. A média de aluno caiu de 600 para 100.
Risco à segurança até da população
Outra constatação da Comissão e do deputado Betão é que há risco à segurança até para a população. O coordenador da Regional Metropolitana do Sindieletro, Alex da Costa, na ocasião da visita técnica, afirmou que o abandono e o sucateamento da UniverCemig atendem o interesse da gestão Zema na Cemig de impor cursos à distância, o que traz prejuízos à qualidade da formação e à segurança de trabalhadores e da sociedade.
“A pretexto de modernização do ensino, o que há de fato é o sucateamento de uma estrutura de mais de 50 anos e referência para a América Latina”, denunciou Alex, para quem o treinamento virtual não dá conta das necessidades do ramo.
O campus abriga, por exemplo, uma rede subterrânea de energia e de redes de transmissão voltadas para o treinamento de trabalhadores. “O aporte investido está sendo deixado de lado e trabalhadores estão entrando (para o ramo) sem o devido treinamento”, denunciou ele.
De 1.209 candidatos classificados em recente seleção aberta pela Cemig, 250 foram inicialmente convocados mas não terão a formação ideal, exemplificou o sindicalista.
Já o coordenador-geral do Sindieletro, Emerson Andrada chamou a atenção para um galpão fechado, que estaria abandonado, abrigando equipamentos de simulação de uma usina de geração de energia hidrelétrica.
Segundo ele, trata-se de um projeto abandonado e de dinheiro jogado fora, apesar de sua importância por permitir treinamento amplo, tornando o aluno apto a trabalhar com as mais diversas tecnologias disponíveis no mercado, independentemente das empresas fornecedoras dos equipamentos.
“As empresas dão treinamento somente para manuseio de seus comandos, que são diferentes. Aqui a proposta seria ninguém ficar preso a uma só tecnologia”, disse ele.
Deputado denuncia desmonte como tentativa de privatizar
A visita técnica foi dificultada pela gestão Zema na Cemig. A Comissão, o deputado Betão e diretores do Sindieletro chegaram a ser barrados pela administração da UniverCemig,com proibição da visita. Mas a visita foi rearlizada mesmo com a proibição. Afinal, a Assembleia Legislativa tem como uma de suas prerrogativas fiscalizar qualquer órgão público do governo estadual. O deputado Betão declarou, na ocasião: "“Foi uma surpresa (a proibição), porque é prerrogativa do Legislativo fiscalizar qualquer órgão do Estado, por isso resolvemos entrar sem a autorização mesmo”. No mesmo dia da visita técnica, o deputado Betão teve aprovado requerimento de sua autoria, na Comissão de Direitos Humanos, para a convocação do presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, para tratar do assunto em reunião na ALMG.
“Constatamos as denúncias que recebemos. É visível o descompromisso com a universidade e o sucateamento desta que é a maior escola da América Latina”, avaliou o deputado, frisando que o processo de desmonte e abandono do centro verificado in loco atenderia a uma tentativa do governo de privatização também da escola.
Com informações do portal da ALMG, fotos: Sarah Torres
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