Uma lei aprovada pelo Legislativo protegido com armas e barreiras da PM não é muito diferente de um Decreto-Lei: sem debate, sem manifestações, sem oposição
O prefeito Eduardo Paes afirmou que o plano de carreira dos profissionais da Educação, aprovado ontem, custará R$ 3 bilhões ao Município. Será? Eu penso que não. O preço pago ontem pela cidade é inestimável.
A Câmara Municipal foi transformada num bunker dentro do qual foi realizado o desejo de Sua Excelência – o de vencer uma queda de braço com o Sindicato dos Professores naquele mesmo dia.
Eduardo Paes não cogitou adiar o confronto para evitar riscos de consequências mais graves. Não pensou em milhares de pessoas que tiveram o direito fundamental de ir e vir cerceado. Não avaliou que o aparato policial criado para garantir a concretização do seu capricho fechou restaurantes, lojas, escritórios e gerou muito prejuízo.
Felizmente, ninguém morreu. Mas é de responsabilidade exclusiva do prefeito e dos seus vereadores de estimação o estrago causado na cidade: pontos de ônibus, vitrines e orelhões depredados, colapso no trânsito e, pior, o medo generalizado que tomou conta do Centro do Rio transformado, mais uma vez, em praça de guerra.
É possível que depois disso tudo o movimento dos professores perca alguma força. Afinal, aquelas mulheres e homens que cumprem das funções mais nobres do serviço público têm aquilo que mais falta a este prefeito: consciência limpa e espírito público. Sem mencionar que não têm acesso ao aparato da força e ao poder econômico do “prefeito das Olimpíadas”.
Deu muita sorte o dublê de prefeito e menininho do Rio. Mas eventual fim da greve dos professores não significará uma vitória sua. Ontem, caiu uma de suas máscaras. Hoje, acionará a Comlurb para limpar a sujeira do Centro da cidade e a sua Assessoria de Imprensa para limpar a sua imagem. A última tarefa, acreditem, é a mais trabalhosa.