O povo não é bobo



O povo não é bobo

Cerca de 500 pessoas se reuniram neste domingo para mandar recados à sociedade e para a principal emissora do país, a rede Globo de Televisão. A manifestação marchou até a rede Globo para “descomemorar” os 50 anos comemorados nesta data pela emissora, mas os movimentos sociais não têm o que comemorar.

“É uma emissora que prega a liberdade de expressão, mas não a faz na prática. Prega a diversidade, mas não a faz na prática”, diz Rosane Bertotti, Secretária de Comunicação da CUT Nacional e Coordenadora Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. “Agindo assim a rede Globo deslegitima qualquer processo em defesa da democracia”.

Para Veridiana Alimonti, militante do coletivo Intervozes, quando se fala em comemoração é preciso olhar para a história. “A Globo não teria se constituído neste império que constituiu, se ela não fosse relação íntima com o regime militar”. A legislação que trata de rádio e televisão no país é de 1962. “Desde o início nunca se preocupou com diversidade e pluralidade. Embora os movimentos sociais há muito tempo pressionam por uma programação mais diversificada, que não criminalize os movimentos sociais, que não trate a mulher apenas como mercadoria, entre outros. Mas o debate sempre tem dificuldade de avançar porque é sempre tratado pelos meios de comunicação, especialmente, pela Globo, como censura”, finaliza Veridiana.

Para Altamiro Borges, Presidente do Barão de Itararé, o ato dos movimentos sociais vem fazer um contraponto ao que a Globo chama de comemoração. “A Globo tá fazendo um carnaval com estes 50 anos, tá fazendo uma autocrítica totalmente falsa. Essa semana fez autocrítica do debate Collor e Lula. Diz que foi um probleminha de edição, da maneira que colocou imagens. Fez autocrítica um dia antes da postura que teve na marcha das diretas, na jornada de lutas pela direta.. Também disse que foi um probleminha de edição. A Globo tem muitos crimes, tem muitos probleminhas de edição. No ano passado ela também fez a autocrítica de ter apoiado o Golpe, golpe esse que levou um monte de brasileiro pra cadeia, para tortura”, finaliza Miro.

Movimentos sociais são criminalizados na grande mídia e o jovem não se vê na telinha, é o que afirma Danilo Cruz, do movimento negro Levante Popular da Juventude. Ao som da batucada Carlos Mariguella, o ato saiu da Praça General Gentil Falcão, nas proximidades da sede da emissora, e caminhou até a porta da emissora. Lá integrantes do movimento gritavam palavra de ordem como: “A verdade é dura, a rede Globo apoiou a ditadura”, colaram faixas no portão de entrada contendo dizeres como: “50 anos de Manipulação”, e escreveram nos muros da fachada da emissora afirmação como: “Globo Mente!”

Lira Ali, do movimento Levante Popular da juventude e “puxadora” da batucada, afirma que a juventude quer se ver na TV. “Quer ver a sua vida sendo contada, seus problemas sendo discutidos”.
Para Rosane Bertotti, a mídia não dá voz aos movimentos sociais, populares e sindicais. “A diversidade precisa ser ampliada. 50 anos da rede Globo demonstra o quanto é importante uma nova lei da comunicação no Brasil.”, afirma ela.

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