O mais importante é proteger a saúde de cada eletricitário e eletricitária e seus familiares
Para o Sindieletro, os eletricitários e eletricitárias são o maior patrimônio da Cemig. São eles que, ano após ano, contribuem, de fato, para que a estatal obtenha lucros cada vez maiores e seja reconhecida como a melhor energia do Brasil. E neste momento de grave crise causada pela pandemia do novo Coronavírus, que prejudica a economia mundial e do Brasil, a Cemig deve zelar pela saúde de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
Desde o início da pandemia, o Sindieletro vem negociando com a gestão da Cemig, através do gerente de Relações Trabalhistas e Internas (DPR/RT), Brunno Vianna, para contribuir com medidas que visam proteger os trabalhadores, e na formulação de um Plano de Contingenciamento adequado ante a crise provocada pela Covid-19.
Entendemos que, por ser um setor estratégico, a Cemig precisa garantir o fornecimento de energia elétrica aos consumidores, principalmente nesse momento de recolhimento social. A própria empresa sinalizava a necessidade de implantar o trabalho Home Office para serviços possíveis de serem realizados remotamente. Diante disso, no dia 15 de março, o Sindieletro encaminhou algumas reivindicações para a gestão da empresa como medidas de prevenção.
Para as atividades que necessitam da presença do trabalhador, o Sindicato propôs que fosse estipulada uma jornada de seis horas corridas, a fim de evitar que o eletricitário tivesse que se deslocar do local de trabalho para se alimentar, evitando assim aglomerações. Medida essa que vai de encontro ao Decreto do prefeito de Belo Horizonte que determinou o fechamento de restaurantes para evitar aglomerações.
Para os serviços operacionais e algumas atividades da área técnica foram reivindicadas a suspensão das atividades programadas, que poderiam ser adiadas, e a interrupção das atividades de equipes de inspeção, que realizam, sobretudo, o corte de energia.
Para as atividades essenciais ao fornecimento de energia elétrica, e a garantia do restabelecimento, foi proposto uma forma de isolar o trabalhador durante o deslocamento de sua residência até o local de trabalho, de tal forma que o eletricitário (a) ficaria em casa, cumprindo uma jornada de seis horas, atendendo chamadas de urgência e emergência, evitando aglomerações nas bases operacionais.
Retrocessos da empresa
As negociações estavam avançando, porém, nos dias 29 e 30 de março fomos surpreendidos com a divulgação de dois comunicados da gestão da empresa orientando a volta das atividades não essenciais, caso das equipes de inspeção de unidades consumidoras e de atividades não programadas.
Ainda no dia 29 a Cemig anunciou novas medidas, embasadas na Medida Provisória 927, editada pelo governo federal, que na avaliação geral transfere para o trabalhador a responsabilidade sobre a crise, ou seja, defende o empregador e sacrifica o empregado.
A direção da empresa está impondo que os trabalhadores antecipem as férias ou façam a compensação do banco de horas. Medida que gerou insatisfação na categoria, uma vez que as férias são programadas, o trabalhador escolhe a melhor época para, por exemplo, viajar com a família. Além disso, se antecipar as férias o trabalhador não recebe 1/3 terço a que tem direito.
É evidente a preocupação da categoria sobre os retrocessos nas negociações. Para fazer a inspeção de unidades consumidoras é necessário acesso às residências e condomínios residenciais ou comerciais que podem expor os trabalhadores ao vírus. É o que tem sido relatado pelos eletricitários, que temem ser contaminados e levar a doença para dentro de suas casas. Os trabalhadores relatam ainda a ausência de máscaras e a utilização de álcool em gel inadequado.
Para o Sindieletro, a direção da empresa está preocupada apenas com a maximização do lucro e o repasse de dividendos aos acionistas e quer transferir para o trabalhador a responsabilidade da crise econômica.
A vida em primeiro lugar
O Sindieletro vem insistindo na negociação e no diálogo e solicitou o repasse de informações sobre os impactos econômicos, para que possamos analisar se realmente existem motivos que justifiquem as medidas adotadas, mas a direção da Cemig não responde nossas solicitações.
Estamos levantando todas as medidas que estão sendo descumpridas pela Cemig, para que possam ser tratadas junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e procuramos os deputados na Assembleia legislativa, na busca de interlocução com a gestão da empresa, para a adoção de medidas que, de fato, atendam as necessidades do momento. Entendemos que a proteção dos trabalhadores e da sociedade deve estar acima do lucro e do repasse de dividendos.
O Sindieletro também procurou o deputado federal, Rogério Correia (PT/MG), que reivindica junto à ANEEL, a suspensão da cobrança da conta de energia durante esse período, e que não seja feito o corte de energia dos consumidores, medidas que consideramos fundamentais e que reforçam nossa convicção de que a empresa deve paralisar atividades que expõem os trabalhadores ao risco de contágio.