A Energisa Soluções é uma das maiores empresas de energia do Brasil. No entanto, a cada ano se destaca como uma das piores companhias para se trabalhar no setor. Além dos registros de assédio moral e perseguição aos trabalhadores, a empresa apresenta a pior proposta de Acordo Coletivo dentre todas a empresas com as quais o Sindieletro negocia.
Com a proposta apresentada, a Energisa parece querer liderar ou se destacar no processo de restabelecimento da escravização do trabalhador brasileiro, aproveitando a onda de ataques que a classe trabalhadora já sofre nesses tempos.
Pontuar sobre os grotescos ataques contidos na proposta pode passar a impressão de que o conjunto carece apenas de retoques, o que não é o caso; o fato é que não há o que se aproveite dessa vexatória carta de imposição gerencial dos interesses econômicos da empresa.
Ainda na construção da pauta de reivindicações, nos surpreendemos ao perceber que uma atividade tão complexa, com níveis altíssimos de risco e tamanha relevância social possua um ridículo piso, equivalente ao ultrajante salário mínimo, em 2021.
Para fazer jus à pretensão de alinhar-se às práticas de senhores de escravos, propõe-se parcelamento duodecimal de um abono (que já é de pequeno valor), além do corte de direitos de empregados que se integrarem à empresa futuramente. O objetivo é claro: dividir a categoria visando à manutenção e ao avanço do processo de desvalorização do trabalhador.
Em setorial com os trabalhadores para avaliação da proposta, um empregado manifestou seu constrangimento e indignação, garantindo que nunca viu algo parecido em seus anos laborais. É esse o famigerado “jeito Energisa de ser”? Atacar os direitos dos trabalhadores, negar o básico, desvalorizar o trabalho de quem constrói a empresa?
Sabemos que o movimento da empresa não está descolado de uma realidade maior: os ataques à organização sindical, o constrangimento da liberdade de associação, o desacato flagrante ao princípio da dignidade humana, o desprezo pelo valor social do trabalho e outros golpes demonstram que os pilares, fundamentos e objetivos da nação democrática estão sendo corroídos.
Portanto, a resistência e as mobilizações serão pautadas e se dimensionarão à altura dos ataques sofridos. A luta sempre será ética! E a ética da solidariedade e da dignidade não poderá assistir ao tombamento de companheiros assistidos, veteranos, recém integrados ou a se integrarem.
Que nos ouçam os “senhores e seus capitães do mato”, que nos ouçam os investidores que se beneficiam desse comércio ilegítimo de mão de obra humana escravizada: resistiremos!