Uma multidão tomou conta de Belo Horizonte no Dia Nacional de Paralisação (22) fazendo da data um encontro histórico da diversidade. Protestos, falas, passeata e concentração nas principais praças da capital e na Assembleia Legislativa marcaram a paralisação.
Eletricitários, petroleiros, trabalhadores na telecomunicação, da Copasa, professores, metalúrgicos, dos Correios, bancários, de empresas terceirizadas, de estatais, do serviço público e aposentados foram para as ruas junto com gente com todas as bandeiras: homens, mulheres, negros, estudantes, aposentados, sem terra, sem casa, crianças, gays e transgêneros. Todos unidos por uma só luta: nenhum direito a menos!
O técnico da segurança do trabalho do São Gabriel, Adelso de Almeida Nogueira, diz que participou da paralisação para defender a democracia, os trabalhadores e a sociedade brasileira. Para ele, toda mudança, seja na saúde, na educação ou nos projetos sociais, deve ser debatida com a sociedade. “Temos que mostrar que não estamos satisfeitos com as medidas adotadas pelo governo e exigir respeito à democracia. A população é que deve escolher, através do voto, o modelo de governo que queremos”.
Destacamos que essa manifestação gigante foi só o começo da nossa reação ao golpe contra a educação, a previdência e o trabalhador. Vamos nos preparar pois no dia 5 de outubro estaremos de novo nas ruas para barrar o corte criminoso em investimentos na saúde, educação e programas sociais. Leia depoimentos de quem participou do ato na página 4.
Por que estamos nas ruas do país?
Veja alguns depoimentos que mostram a bonita diversidade que tomou as ruas de Belo Horizonte na paralisação de 22 de setembro.
Foi muito boa a passeata e até lembrei das boas greves na Cemig. A manifestação mostra ao governo golpista que não estamos satisfeitos com as mudanças nas leis trabalhistas e nem com a reforma da previdência, que vai dificultar as aposentadorias. Antigamente quando um amigo tinha um parente na faculdade, ficávamos surpresos, porque era praticamente impossível para um filho de trabalhador fazer curso superior. O que estamos vendo é um retorno a esse passado, em que Brasil volta a ser um país de oportunidades para poucos.
José Jorge Barbosa, aposentado, eletricista de manutenção do Quarteiraõ 14.
Somos secundaristas, estamos com os trabalhadores!
Estou na luta junto com os trabalhadores. Apoiamos e contamos com o apoio dos trabalhadores para garantir educação de qualidade. O governo ilegítimo de Temer e o ministro da Educação, Mendonça de Barros, estão desmontando os projetos de educação dos últimos anos, exterminaram o “Ciências sem Fronteiras” e acabando com o Fies e Prouni. Eles são inimigos da pátria. Foi surreal o ministro da Educação ter se reunido com o Alexandre Frota, um cara que assumiu em rede de TV que é estuprador.
Alberto Francisco – integrante da Ames BH- Associação Metropolitana de Estudantes Secundaristas
Lembro que o Temer e Mendonça, ministro da Educação, são a favor da Escola Sem Partido. É um projeto da ditadura militar, ele foram buscar lá no passado. Estamos firmes na luta, apoiamos a ocupação de escolas, já fizemos ocupação e tivemos vitória. Nossa luta tem tudo a ver com os trabalhadores, eles precisam da educação para os filhos. Estamos unidos a todos os atos dos trabalhadores.
Thiago Santos - Ames BH
Sou índia, brasileira e contra o golpe
Sempre unidos ao povo, nós, índios estamos mobilizados hoje contra a PEC 215, que dá aos deputados e senadores a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas, proíbe a ampliação de terras já delimitadas e garante indenização a fazendeiros. Essas medidas vão deixar a população indígena mais vulnerável e favorecer o agronegócio. O golpe é contra todos nós! Vamos resistir!
Índia Shawanawa Pataxó – Aldeia Coroa Vermelha- Porto Seguro
Somos gays e unificamos a resistência com os trabalhadores
Estamos na luta para juntar forças com os trabalhadores, para construir, juntos, a alternativa de um país justo e de inclusão, sem preconceito. Sou militante, independente, por um mundo melhor, onde todos, homens, mulheres, crianças, negros, gays, transgêneros, travestis, lésbicas e simpatizantes possam viver dignamente, com igualdade e respeito.
Daniel Vitor –movimento LGBTT e da Juventude Anticapitalista e Revolucionária
Nossa luta é unificada. Não somos mais minoria, somos a maioria, Todos juntos, trabalhadores, mulheres, negros e LGBTT, são maioria e, por isso, podem mudar esse país. É ter consciência e ir para as ruas.
Alex Crepalde – Movimento LGBT
A burguesia é horrorosa, ela nos manipula. A mídia é burguesa, ela quer que pensemos como autômatos. Somos também trabalhadores, estamos juntos. Temos o direito ao nosso corpo, defendemos o aborto pelo SUS e o direito de todos serem felizes. Para ser feliz é preciso conquistar dignidade. Um mundo sem preconceito e sem discriminação.
Mariana Freitas- Movimento LGBT
Somos bancários, e nossa greve entrou para a história
Estamos em greve há 16 dias e nosso movimento já é o maior da história dos bancários em termos de adesão. Em Belo Horizonte a estimativa é que 70% da categoria está parada. A greve é por nossos direitos, mas, também, é contra a terceirização que afeta a qualidade dos serviços prestados. Esse trabalhador contratado não tem identificação com a categoria e sofre com vários problemas.
Dafine Freire, funcionária do Banco do Brasil
Sou UFMG e o que fazem com as universidades e a educação é crime
No momento em que se confirma a boa posição da UFMG entre as universidades do país, vimos o governo Temer cortando bolsas de pós graduação e assistência estudantil. O retrocesso também vem com a imposição de reforma no Ensino Médio, com carga horária maior aos professores, e as ameaças ao Piso Nacional da Educação justamente quando nós, em Minas, nos aproximamos do piso.
Ariane Martin Oliveira, pedagoga e aluna do mestrado da UFMG.
Somos petroleiros e querem fazer aqui o que fizeram na Vale, Cemig e Telemig
Trabalhei como técnico da Cemig, mas saí há 8 anos por causa da retirada de direitos como anuênio e Maria Rosa pelos governos do PSDB. Agora, com Temer, esses ataques atingem a Petrobras. Após anos de pesquisa e expansão, há risco de sucateamento com a privatização e a venda de empresas estratégicas do grupo como a Liquigás, que tem importante função social, e a Pebio, que é referência ambiental. Estamos aqui para questionar esta lógica equivocada de que se uma empresa tem algum problema tem que ser privatizada. A Vale está aí para provar o contrário, pois destruiu Bento Rodrigues.
Sérgio Marlon de Moura, técnico de operação da Petrobras
Está descarada a tentativa de desmanche da Petrobras pelo governo Temer. Meu pai trabalhou na Telemig e viveu um drama que vejo se repetir na Petrobras, de sucateamento, e privatização que começa com programas de demissão. Na Telemig muita gente tornou-se terceirizada com salários reduzidos no processo que preparava a venda.
Guilherme Silva, técnico de operações da Petrobras
Sou estudante Proúni, lutamos por democracia
Nossa luta maior é por democracia, todo o meio apoio à mobilização dos trabalhadores. Todos juntos contra um Est5ado que oprime, todos juntos para dar uma resposta: muita luta por nossos direitos!
Manuele dos Reis- estudante de Psicologia. Proúni, no ponto de ônibus