O assassinato da coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Dilma Ferreira Silva, pode estar relacionado à sua luta por direitos, ao longo de mais de 30 anos, das pessoas atingidas pela construção da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Nessa sexta-feira (22), Dilma foi encontrada morta em sua casa no assentamento Salvador Allende, na zona rural de Baião Nordeste, junto com seu marido, Claudionor Costa da Silva, e seu amigo, Hilton Lopes.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, os membros da coordenação nacional do MAB, Iuri Charles Bezerra, e Gilberto Cervinski, contaram, com base no depoimento de algumas testemunhas da região, que o crime teria sido executado por cerca de cinco a seis pessoas, na noite da quinta (21) para sexta. Dilma, Claudionor e Hilton podem ter sido amarrados, amordaçados e esfaqueados, pelas condições de seus corpos. A liderança teria sido a última a morrer com um corte na garganta. Vizinhos relatam ainda que na noite do assassinato um som muito alto vinha da residência do casal.
Há também suspeitas de que uma outra casa, localizada a 20 quilômetros da residência de Dilma, teria sido incendiada e corpos de três pessoas teriam sido carbonizados. Ainda não se sabe a veracidade do crime e se existe uma suposta relação com o triplo homicídio.
"A gente está pedindo explicação para isso, tem relação? De que se trata esses acontecidos? Porque não é uma motivação comum que leva ao assassinato de uma liderança conhecida e que tem história na região", ressalta Bezerra. O movimento está buscando uma reunião com o secretário de Segurança Pública do Pará para pedir providências e punição aos culpados.
Citando o assassinato de Dilma como um "típico exemplo de onde o Estado foi retirado", Cervinski analisa haver atualmente um ambiente de incentivo à violência e à perseguição de lideranças populares. "Nós do MAB já sofremos esse ano várias perdas. Foi o caso de Brumadinho (Minas Gerais), mais essa perda da Dilma que é a perda de uma mulher, que era da liderança. Ela já havia sido vítima da violência com a hidrelétrica, de negarem os seus direitos, e agora ela sofre novamente uma violência que é seu assassinato", afirma.
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Fonte: Rede Brasil Atual