Em audiência pública virtual promovida pelo BNDES sobre o processo de desestatização da Eletrobras, no dia 05, o presidente da estatal de energia elétrica, Rodrigo Limp Nascimento, afirmou que um dos principais motivos para o processo de capitalização da companhia é ampliar a sua capacidade de investimentos. Os argumentos apresentados por Limp, porém, vão no sentido inverso.
Segundo ele, a reestruturação da estatal desde 2016 compreendeu uma grande redução de custos, venda de ativos deficitários e renegociação de dívidas. “Hoje temos uma empresa equilibrada, com boa geração de caixa, que registra lucros constantemente.”
O executivo admitiu que o planejamento estratégico da estatal prevê que, sem a privatização, a Eletrobras poderá investir cerca de R$ 95 bilhões até 2035. Com a capitalização – venda de ações da empresa, levando à perda do controle acionário pelo Estado – esses investimentos chegam à casa de R$ 200 bilhões.
Os recursos dariam uma média de R$ 15,4 bilhões por ano. A Eletrobras, sem precisar recorrer a venda de ações, já investiu perto disso sozinha. Em 2014, os investimentos alcançaram R$ 11,4 bilhões. Desde 2017, com a tomada de poder por Michel Temer, a estatal vem sendo asfixiada, e houve forte redução dos investimentos. Em 2020, foram apenas R$ 3,1 bilhões. No ano passado, até o terceiro trimestre, foram R$ 2,5 bilhões.
“A gente entende que é muito aquém do que pode e deve investir a Eletrobras”, afirmou o executivo. “É um ponto fundamental, retomar a capacidade de investimento, voltar a ter capacidade de participar dos leilões, investir no mercado livre de energia”, atestou Limp.
Fonte: Monitor Mercantil, por Rodrigo Limp Nascimento