Na última terça-feira (17), o Amapá vivenciou mais uma vez a ausência total de energia elétrica. Segundo informações da Eletrobras, o apagão ocorreu em função do desligamento da Usina Hidrelétrica de Coaracy Nunes "em decorrência de um evento externo à Usina, provavelmente no sistema de distribuição de energia elétrica".
Os técnicos da Eletronorte reestabeleceram a geração na usina e o fornecimento "está sendo reestabelecido gradualmente pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)", diz a nota.
A Eletronorte disse ainda que "não é proprietária do sistema de distribuição ou transmissão de energia no estado do Amapá". A responsável é a Gemini Energy, empresa estrangeira que atua nos 13 municípios amapaenses atingidos pelo apagão. O Brasil de Fato entrou em contato com a empresa para pedir esclarecimentos sobre o ocorrido e aguarda posicionamento.
O caos continua
Desde a implantação do sistema de rodízio no último dia 7 de novembro, depois de quatro dias sem energia elétrica, a população tem denunciado falhas no sistema de rodízio implantado pela Companhia de Abastecimento do Amapá (CEA).
Em seu portal, a CEA disse que "iniciou os trabalhos de apuração das causas da interrupção do fornecimento de energia na noite de terça-feira, 17. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Companhia atuaram para a recomposição do sistema e atendimento dos 13 municípios afetados com a situação", no entanto, não se posicionou sobre as falhas no sistema de rodízio.
Kliger Campos, presidente do conselho estadual de saúde do Amapá conta que no centro da cidade a energia foi reestabelecida por volta das 23h, mas que em municípios como Calçoene, por exemplo, parte do serviço só voltou por volta das três horas da madrugada.
"Tem sido bem difícil a nossa vida aqui no estado devido a essa instabilidade do sistema, porque não tem sido cumprida a planilha do rodízio. Os pequenos empresários têm reclamado muito, os batedores de açaí, pessoas que têm minibox perderam seus materiais, porque necessitam da energia para conservar os alimentos que são vendidos para a população", diz.
Para além dos prejuízos financeiros, Campos diz que o aumento da covid-19 no estado se soma ao caos trazido com o apagão.
"Creio que novamente os amapaenses não tiveram uma boa noite de sono, porque nos preocupamos também com os pacientes que estão nas UTIs, maternidade, pediatria. Esse atendimento direto à população, em algum momento, foi suspenso devido à falta de energia, porque não tem geradores. Isso só torna ainda mais difícil a nossa vida diária aqui", diz.
Segundo dados do Conselho Nacional de Saúde (Conass), o Amapá tem 55.382 casos confirmados da covid-19 e 782 óbitos. As informações do presidente se confirmam pelos números. Na semana do dia 1º ao dia 7 de novembro foram registrados 802 casos da doença. Na semana entre o dia 8 e o 14 de novembro, quando a população já vivenciava o apagão foram confirmados 2.006 casos. Já o número de mortes subiu de 4 para 26, respectivamente.
Fonte: Brasil de Fato