No Acordo Coletivo Específico da PLR de 2019, devidamente acertado e assinado, está previsto que o pagamento se dará em 2020 um mês após a publicação do balanço financeiro da Cemig. O balanço financeiro da empresa foi publicado em março deste ano e o estabelecido, portanto, é do pagamento se efetivar até 30 de abril de 2020.
No entanto, faltando pouco mais de 15 dias para o pagamento da PLR 2019, a gestão da Cemig chamou o Sindieletro e os demais sindicatos que negociam com a empresa para uma reunião, dia 14, terça-feira passada. Nessa reunião, anunciou a proposta de prorrogação do pagamento para outubro de 2020, alegando dificuldades financeiras.
Na reunião do dia 14, o Sindieletro manifestou que não daria para negociar a prorrogação do pagamento sem que a gestão da empresa nos repassasse as informações e os dados sobre os reais impactos para a Cemig e quais as medidas seriam necessárias para evitar que os impactos financeiros desestabilizassem a natureza da atividade-fim da Cemig.
Propusemos que a empresa nos trouxesse as devidas informações e os devidos dados justamente para que pudéssemos, juntos, estabelecer uma negociação, transparente e democrática.
Após essa reunião, a gestão da empresa nos enviou um e-mail comunicando que o prazo para nos posicionarmos sobre a proposta (de prorrogação do pagamento da PLR 2019) foi estabelecido até a data de 16 de abril, ou seja, nesta quinta-feira.
Para o Sindieletro, é uma estratégia da gestão da empresa de impor, de forma antidemocrática, as intenções dos gestores da Cemig, ou seja, estabeleceram tempo curtíssimo e, assim, inviabilizaram as condições necessárias para o diálogo e para um acordo possível.
Hoje e mais uma vez, infelizmente, a gestão da empresa inviabiliza o diálogo com os eletricitários e eletricitárias, inviabiliza a possibilidade de uma solução unitária para dar as devidas tratativas que dizem respeito aos impactos para a estatal.
Temos consciência, através de estudos elaborados pelo Dieese, das interlocuções e articulações com sindicatos, movimentos sociais e parlamentares, dos impactos financeiros para os trabalhadores e a população em geral deste momento de pandemia. Mas não vamos permitir que a gestão da empresa use este momento para impor aos trabalhadores (as) prejuízos financeiros com outros interesses, sobretudo interesses dos acionistas.
Recusou a passar os dados
No dia 16, nesta quinta-feira, às 10h30, estivemos na segunda reunião com a Cemig com a prorrogação da PLR em pauta. A gestão da Cemig recursou as reivindicações do Sindieletro, ou seja, as de dar mais prazo para negociar e disponibilizar as informações e dados para que o Sindicato pudesse dialogar e tratar da proposta de prorrogação do pagamento.
Repudiamos a postura da gestão da empresa, que aproveita do governo antidemocrático, voltado aos interesses do mercado e de uma administração autoritária para impor, de qualquer forma, os seus interesses, em detrimento aos direitos dos trabalhadores. Assim tem sido com as negociações de PLR e do nosso ACT.
O cenário para nós
O cenário que se coloca é o seguinte: a gestão da empresa tem duas opções, pagar ou não pagar. Se não pagar na folha deste mês, vai se tornar inadimplente aos compromissos do Acordo Específico da PLR e o único recurso para nós será o caminho judicial para garantir que a Cemig cumpra com o compromisso do ACT da PLR.
O momento de crise e pandemia nos traz algumas incertezas, entre elas: qual será a decisão judicial? Quanto tempo levará para essa decisão? É um risco que o Sindicato analisa perante os trabalhadores e trabalhadoras.
No entanto, a imposição da Cemig de tempo curtíssimo estabelecido para fechar um acordo e sem fornecer as informações necessárias sobre os impactos para a empresa, trazem também para o conjunto dos eletricitários o desafio: não sucumbir à pressão de novamente atender aos interesses da empresa para mediar um possível cenário do impacto financeiro sem que a categoria saiba do tamanho desse impacto econômico para a Cemig.
O Sidieletro está reunido nesta quinta, desde às 18 horas, para tratar dessa pauta. Repudiamos veementemente a posturas da gestão da empresa, que se nega a dialogar e usa de estratégias para dividir a categoria, pelos interesses dos acionistas. Entendemos que a categoria sabe da situação estratégica fundamental da Cemig para disponibilizar energia à população. Mas questionamos a postura de não diálogo e intransigência.
Estaremos dialogando nos próximos dias com a categoria na busca de soluções que tragam menor impacto financeiro ao conjunto dos trabalhadores.
Neste momento, frisamos e reafirmamos a necessidade de proteção da vida, em detrimento ao projeto de maximização dos lucros e de repasse de dividendos aos acionistas.