O presidente da Cemig, Mauro Borges, deu uma entrevista à Rádio Itatiaia, falando meias verdades e desonrando a imagem da empresa, para manipular a opinião pública contra seus trabalhadores. Ele ainda acusou o Sindieletro de ser intransigente e fora da realidade.
Primeiro devemos esclarecer que não é o sindicato, mas a categoria que está em greve há 27 dias e que tem motivos de sobra para isso, a começar por que passamos o ano inteiro cobrando compromissos do próprio presidente Mauro Borges e, também, do governador Fernando Pimentel. Em especial esperamos a contratação imediata de 1500 eletricistas que nunca foi concretizada, a valorização profissional esperada por meio de um novo PCR e a ampliação das vagas da seleção interna que a Cemig deixou na enrolação o ano inteiro.
Também esperamos por medidas de saúde e segurança que nunca vieram, mesmo registrando neste primeiro ano a morte de 5 trabalhadores, além de inúmeros acidentes graves, inclusive com amputações e invalidez. Enfim a categoria entrou em greve por que cansou de ser enrolada.
Em segundo lugar perguntamos: quem é intransigente? A categoria, que mesmo sabendo que o lucro de 2015 da Cemig já está superior ao de 2014, atende ao pedido de confiança da diretoria e aceita reduzir à metade o montante da PLR, que sempre foi superior a 8% do lucro líquido? A verdade, omitida pelo presidente, é que teremos uma redução de mais de 12% dos nossos rendimentos e que, do ponto de vista financeiro, passaremos o pior Natal de todos os tempos. Apenas por justiça e porque queremos proteger minimamente os que ganham menos, insistimos que a divisão da PLR seja igualitária. Intransigentes são os que têm altos salários e, acostumados a privilégios, fazem disso uma disputa mesquinha de poder.
Terceiro, devemos questionar o motivo de expor a questão do seguro de vida, uma conquista histórica dos eletricitários, com dados fantasiosos e motivos preconceituosos. O seguro tem o caráter mutualista: pagamos por toda uma vida e, quando nossa família pode usufruir, somos surpreendidos com o corte sumário dos nossos direitos. Imoral e ilegal é querer impor perdas por meio de chantagem absurda e sem dar chance aos afetados de se pronunciarem e defenderem seus direitos.
Certamente o objetivo desse discurso da empresa é encobrir os privilégios que de fato continuam e são acrescidos todos os dias pela atual diretoria. Vamos repetir esses privilégios para ninguém esquecer: altos salários, excesso de altos cargos, viagens internacionais com diárias dobradas, carros, motoristas, aumento real de mais de 65% para conselheiros e assessores ad nutum, além dos contratos e acordos sem transparência.
Nós, eletricitários, estamos orgulhosos de enfrentar os desmandos e a truculência da Cemig com a nossa greve. Não aceitamos o desconto dos dias parados, pois cada um deles significou enorme sacrifício e dedicação, e são frutos da intransigência e incompetência de negociar da atual gestão.
A cada dia a categoria eletricitária se fortalece em sua convicção de que o futuro promissor não virá das promessas, mas da sua luta e do seu trabalho. Queremos uma diretoria que acredite de verdade nos trabalhadores e trabalhadoras da Cemig e que não nos vire as costas quando estamos lutando por nossos direitos.
Reunião com o Secretário de Governo
Representantes do Sindieletro, do Senge e do Sindicato dos Advogados, acompanhados dos deputados estaduais Rogério Correia, Professor Neivaldo e Geraldo Pimenta, estiveram reunidos com o secretário de Governo na noite da sexta-feira, 18. A eletricitária Renata Silva, da UT de Igarapé, acompanhou a reunião e acredita que o secretário ficou sensibilizado com argumentações, em especial sobre a PLR linear e a primarização. Odair Cunha se comprometeu em procurar ainda na noite da sexta, o residente da Cemig, Mauro Borges, e o governador Fernando Pimentel para buscar atender às reivindicações dos trabalhadores. Aguardamos para hoje, 21, um retorno com a reabertura de negociações.
A GREVE CONTINUA!
Mais do que nunca, todos devem estar nas portarias para fortalecer o movimento. Não podemos nos curvar às chantagens e ameaças. Não vamos arredar pé de nossos direitos.
Este Natal e Ano Novo serão inesquecíveis para os eletricitários.
A luta só se encerra com a conquista de um Acordo justo e respeitoso.