Em nossa pauta de reivindicações cobramos não só a recomposição salarial pelo INPC. Reivindicamos aumento real, abono e que
todas as cláusulas econômicas do nosso ACT sejam corrigidas pelos índices do INPC e do aumento real.
As reivindicações econômicas podem ser atendidas sem grandes impactos financeiros para a Cemig. Basta ver a situação que se coloca para os custos operacionais e gastos com pessoal em relação à receita operacional líquida da empresa.
Levantamento da Subseção do Dieese no Sindieletro mostra que os gastos com pessoal em relação à receita operacional líquida
no primeiro semestre deste ano foi de 5,25%, contra 6,45% no mesmo período de 2018. A participação dos custos operacionais
na receita operacional líquida também mostra tendência para queda. No primeiro semestre de 2018, representaram 85,92%
e, já no primeiro semestre deste ano, registrou-se o percentual de 79,20%. Vale lembrar: o crescimento do lucro líquido da Cemig no primeiro semestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018 foi fantástico. De R$ 453 milhões de lucro no ano passado foi para R$ 2,912 bilhões.
Mais dados da Subseção do Dieese
O discurso do governo do Estado sobre a dívida da Cemig tem sido o de mais desinformar que informar. O economista do Dieese, Carlos Machado, esclarece que a informação de que a empresa precisa de R$ 27 bilhões para fazer frente aos seus gastos tem seus equívocos.
Segundo ele, a forma parcial e enviesada como a informação tem sido veiculada tem gerado uma interpretação duplamente equivocada: a de que esta é uma necessidade imediata, e outra, que beira o absurdo, de que o governo de Minas Gerais, com sérias dificuldades financeiras, teria que fazer este aporte. Na realidade, informa, os 27 bilhões referem-se a gastos com pagamento de dívida e realização de investimentos com desembolso previsto para o médio e longo prazo.
Carlos diz que a dívida líquida da Cemig foi calculada em R$ 12,5 bilhões no segundo semestre de 2019. Ela cresceu muito antes de 2015, ao mesmo tempo em que os R$ 12 bi de lucro obtidos de 2011 a 2014 foram integralmente distribuídos aos acionistas na forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.
“Não se trata de uma necessidade imediata, uma vez que o pagamento desta dívida está programada para o período 2019-2025. Entretanto, nas atuais condições contratuais, há uma grande concentração do desembolso previsto para 2024, cerca de 5,4 bilhões ou 43% do total. Mas é importante notar que, graças à capacidade de geração de caixa e à redução dos dividendos pagos ao patamar de 50% do lucro, a dívida líquida apresentou redução de 4,74% no primeiro semestre de 2019”, destaca.
Perspectivas futuras de geração de caixa
Além disso, há a expectativa da entrada de recursos para a Cemig nos próximos anos. Durante o XXIV Encontro Anual da Cemig
com Investidores, foi avaliado que a expectativa de obtenção de LAJIDA para os próximos 5 anos (2019-2023) está entre 26 e 28 bilhões de reais. Este período é anterior, portanto, ao prazo previsto atualmente para o vencimento da maior parcela da dívida, em 2024.