Milhares de estudantes e várias categorias de trabalhadores, como os eletricitários, aderiram ao protesto e à greve nacional, no dia 11. Passeata foi da Praça Sete à sede da Rede Globo, com manifestações em pontos simbólicos de BH.
Em frente ao prédio da Prefeitura, manifestantes cobraram transporte coletivo de qualidade, melhoria dos serviços de saúde e educação e valorização dos servidores. A portaria do Banco Central foi tomada pelo movimento contra a política de juros altos, pelo fim do fator previdenciário e contra a lei 4330, que legaliza uma terceirização sem limites, e pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
Em frente à Assembleia Legislativa, milhares de manifestantes denunciaram a ilegalidade do governo do Estado que não paga o piso mínimo para os trabalhadores da educação e deixa de aplicar o percentual mínimo em saúde e educação. Manifestantes Também cobraram dos deputados maior fiscalização das ações do governo do Estado.
Em frente à sede da Cemig, houve vaia à gestão da estatal, que cobra um ICMS absurdo sobre a conta de luz enquanto faz repasse bilionário de lucro para acionistas e mantém uma média inaceitável de acidentes de trabalho com mortes e mutilações. José Maria dos Santos, presidente do Sindágua-MG, condenou as parcerias público-privadas (PPPs) e a má gestão da Copasa e da Cemig, símbolos das estatais mineiras.
Contra a ditadura
No elevado Castello Branco, na região do Barro Preto, manifestantes pediram que a edificação mude de nome. Ao invés de fazer referência a um representante da ditadura militar, a reivindicação é que o elevado receba o nome de Helena Grecco, defensora histórica dos direitos humanos em Minas Gerais.
Um grande protesto em frente à sede da TV Globo, no Bairro Caiçara, fechou o Dia Nacional de Lutas em Belo Horizonte. Os manifestantes defenderam a democratização da comunicação e denunciaram a cobertura tendenciosa e depreciativa que as mídias fazem das manifestações populares e dos movimentos sociais, sindicais e estudantis enquanto destaca a pauta patronal.
A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, considerou a manifestação melhor que o esperado. “Em Minas construímos uma rede de mobilização que não é formada só por sindicatos, mas por movimentos populares, estudantis e de jovens”. Ela acredita que o movimento já teve resultados imediatos, “mas ainda precisamos gerar outras mudanças. São protestos assim que pressionam o governo”, diz.
Cemig na boca do povo
Na avaliação do coordenador geral do Sindieletro e secretário geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, o protesto cumpriu muito bem sua função, além de destacar a participação de vários eletricitários. “Foi uma manifestação tranqüila, o medo não estava nas ruas, por onde passávamos as pessoas abriam as janelas, tiravam fotos, acompanhavam das calçadas. E mais: a pauta da energia está na boca do povo em Minas, o plebiscito que vai abordar a gestão e tarifa da Cemig ganhou mais força”, avalia.
Jairo diz que a mobilização continuará, com negociação com as instâncias do poder municipal, estadual e federal para garantir o atendimento das reivindicações. “Inclusive, está sendo marcada nova paralisação”, conta Jairo Nogueira Filho.
O técnico de projetos, Sílvio Bianco Panatieri, comemorou a volta dos trabalhadores às ruas. Ele se orgulha de ter participado, nas últimas décadas, de manifestações importantes para a história do país, como o movimento Diretas Já! e da greve de 29 dias, realizada pelos eletricitários, nos anos 90. Agora, não pensou duas vezes para ir às ruas. “O Brasil estava precisando desta mobilização para que a política tome novo rumo. São os movimentos populares que levam à melhorias. No caso da Cemig, a mobilização pode trazer mudanças na relação da empresa com seus trabalhadores”.
Enquanto acompanhava a passeata pela Avenida Afonso Pena, o técnico administrativo da unidade Jatobá, André Campos, comemorava a participação na mobilização histórica. “A cidadania deve vir em primeiro lugar. Movimentos assim, que buscam o bem da sociedade e que apresentam diferentes reivindicações, mostram a pluralidade do mundo e ajudam a mudar a realidade, atendendo as necessidades da maioria e não o interesse de poucos”, destacou.