Não faz sentido o referendo popular para privatizar? Zema esqueceu que pediu voto ao povo?



Não faz sentido o referendo popular para privatizar? Zema esqueceu que pediu voto ao povo?

"Para o governo Zema, o povo não existe". Desta forma, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) repercutiu a afirmação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de que "não faz sentido consultar o povo" sobre seus projetos de privatização.

Em entrevista, na última sexta-feira (11), o chefe do Executivo mineiro disse que espera que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) derrube a exigência de um plebiscito popular para que empresas públicas possam ser transformadas em instituições privadas, regra que atualmente faz parte da Constituição Estadual.

"Não faz sentido consultar o povo. Isso foi colocado lá atrás para dificultar o processo de privatização e que, hoje, dificulta que o Estado tenha condições de se desenvolver", declarou.

Além disso, Zema se referiu à privatização como uma forma de tornar o Estado forte e de fazer com que ele "venha a atuar bem na saúde, educação e segurança".

Não agradou

O discurso do governador não foi bem recebido entre as lideranças políticas de Minas Gerais.

“Para o Governo Zema, o povo não existe. Ele governa com a máxima de retirar o Estado da vida das pessoas. Não há em Minas Gerais nenhuma instância de participação popular, não tem escuta. Esta é a sua marca”, manifestou ao Brasil de Fato a deputada estadual e presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Beatriz Cerqueira (PT).

Já Valéria Morato, presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Minas (CTB-MG) e do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG), lembrou que Zema só governa o Estado porque foi autorizado pela população mineira. “Ele deve ter se esquecido que foi conversar com o povo para pedir voto. Ele tem o aval do povo para governar, mas existem leis que precisa cumprir”, reforça.

"Privatização não se faz pela vontade de um governo, sem um debate com a população"

A sindicalista resume a atuação do governador como “antidemocrática e extremamente autoritária. Isso demonstra o nível de democrata que ele é. Zero. Não está comprometido com o povo e além disso se mostra um descumpridor de leis, porque quer alterar a Constituição para beneficiar a si mesmo e empresários, deixando a população à deriva”, pontuou a professora.

Quem também relembrou a quem serve o cargo de governador foi a deputada federal, Jô Moraes, do PCdoB. Jô declarou que é “ao povo que Zema deve obediência”.

“O governador deveria saber que as estatais são bens públicos conquistados pelo povo para servir a todos. As estatais não são suas lojas de varejo onde ele faz o que quiser. É bom lembrar que é por meio do voto do povo que ele foi eleito e é ao povo que ele deve obediência. Ainda bem que a Constituição está aí para defender o que o povo conquistou ao longo da sua história de desenvolvimento e democracia”.

O deputado federal Rogério Correia (PT), que foi relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC-50) que exige um referendo popular para qualquer possibilidade de processo de privatização de empresas públicas em Minas, também se posicionou. Ao Brasil de Fato o parlamentar declarou que um plebiscito "é o mínimo que deve ser feito".

"Um governador de plantão não pode querer isso e não ter respaldo do povo porque são empresas públicas, portanto, elas pertencem à população. São bens muito caros para a nossa gente, em especial a Copasa, a Cemig e a Codemig. A privatização não se faz pela vontade de um governo, sem um debate com a população", disse.

Fonte: Brasil de Fato, por Raíssa Lopes

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