Na quarta-feira (8), trabalhadores da Petrobras também realizaram atos para marcar o Dia Internacional da Mulher (#8M2023). Os homens estavam em maioria. Isso porque a mão de obra no setor ainda é majoritariamente masculina. Na estatal, a participação feminina cresceu entre 2002 e 2012, saltando de 12% para 17% do total de trabalhadores. De lá para cá, a presença das mulheres nos quadros da Petrobras, maior empresa do Brasil, estagnou.
Elas atuam principalmente no setor administrativo da empresa. Nas refinarias, por exemplo, as mulheres são quase exceção. Por outro lado, nos cargos de chefia a presença feminina praticamente quadruplicou em pouco mais de duas décadas. Em 2002, as chefes mulheres na Petrobras eram apenas 4,44% do total. Já no ano passado, chegaram a 19,4%, de acordo com levantamento da subseção do Dieese da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Além disso, em todos os setores da Petrobras, as mulheres recebem menos do que os homens. Nos cargos de nível médio ganham, em média, 77% da remuneração de um homem que exerce a mesma atividade. Já nos cargos de nível superior, esta relação é melhor, chegando a 92% da remuneração masculina.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou na quarta-feira o projeto de lei que promove a igualdade salarial entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções. A proposta enviada ao Congresso Nacional prevê multa para a empresa que descumprir o critério de igualdade. O valor da penalidade será 10 vezes o maior salário pago pela empresa.
Machismo estrutural
Para a petroleira Cibele Vieira, diretora do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (SP) e da FUP, a participação dos homens nos atos do #8M2023 na Refinaria de Paulínia (SP) não é um problema, mas uma oportunidades para fortalecer a luta contra o machismo.
“Nós não vamos superar o machismo estrutural sem a participação de vocês, homens. Temos que enxergar o machismo não apenas como uma ação individual. É óbvio que cada um de vocês têm responsabilidade em romper comportamentos machistas, em apoiar as mulheres que estão no seus convívios, mas é importante atacarmos as estruturas”, afirmou a sindicalista.
Josiane Sanches, que trabalha na Replan, relatou os obstáculos do machismo e da baixa presença feminina na empresa. “Quando eu entrei aqui, em 2002, eu tinha 21 anos. Só eu e a Laura trabalhávamos na CCL (Casa de Controle Local) e não tínhamos banheiro. Tínhamos que ir em um banheiro abandonado do Coque. Mais recentemente, a obra de revitalização do banheiro feminino durou dois anos, enquanto a do masculino foi concluída em poucos meses”.
Ela também denunciou a desigualdade salarial na empresa. “Eu já ouvi que não recebi aumento por mérito porque engravidei, porque eu era mulher. O que nós queremos é respeito, respeito pelo próximo. E equidade, queremos equidade, porque no meu setor somos seis mulheres e eu não lembro quando foi a última vez que nós recebemos aumento”.
Fonte: RBA, com informações da FUP