Na próxima terça-feira (13), amanhã, milhares de mulheres do campo, da floresta e das águas de todo o Brasil e de 26 países de todos os continentes chegarão à capital federal para participar, nos dias 13 e 14 de agosto, da maior ação estratégica protagonizada pelas mulheres na América Latina: a Marcha das Margaridas.
A ação acontece a cada quatro anos e esta é a sexta edição. O lema da Marcha das Margaridas 2019 é “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência”. Ao longo de suas edições, desde a primeira realizada em 2000, a Marcha tornou-se um importante espaço e uma importante estratégia para as Margaridas conquistarem visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena.
A 6ª Marcha das Margaridas é realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), suas 27 federações e mais de 4 mil Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de todo o País, em parceria com 16 organizações sociais, entre movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.
Programação
As caravanas dos estados começam a chegar na madrugada de 13 de agosto e as atividades serão iniciadas às 14 horas, com oficinas, painéis e com a Mostra de Saberes e Sabores das Margaridas. A abertura oficial será às 19 horas e, na sequência, será realizada a noite cultural. Uma das apresentações confirmadas é da atriz Letícia Sabatella. As atividades do primeiro dia são exclusivas para as delegações dos estados e para a delegação internacional.
No dia 14, momento da “grande marcha”, a programação é aberta ao público em geral. As Margaridas estarão concentradas no lado externo do Pavilhão do Parque da Cidade a partir das 6h. Sairão em marcha às 7h em direção à Esplanada dos Ministérios. A previsão é que o ato de encerramento seja realizado às 11h nas proximidades do Congresso Nacional.
Contra autoritarismos e retrocessos
Do Norte ao Sul do Brasil, as mulheres estão se organizando para ir a Brasília lutar por terra, igualdade e democracia! Entre os dias 9 e 12 de agosto, acontece a Marcha das Mulheres Indígenas, e nos dias 13 e 14, acontece a Marcha das Margaridas, que é a maior manifestação de mulheres rurais da América Latina. Serão dias de muita luta contra o autoritarismo e os retrocessos que vêm sendo movidos pelo governo de Bolsonaro, especialmente no campo. E será também um momento de colocar nossa perspectiva feminista e revolucionária.
Para Carolina Azevedo, da Marcha Mundial das Mulheres de Tocantins, “vai ser um momento histórico da luta coletiva e da organização feminista, sobretudo para a Marcha Mundial daqui, por ser nossa primeira participação. Estaremos na luta com as mulheres do campo, das águas, da floresta, da cidade, com lideranças indígenas, quilombolas, sindicais… mulheres de tantas realidades, tantas perspectivas, com quem vamos conseguir compartilhar a luta por soberania, defesa dos nossos territórios, nossos corpos, nossos direitos trabalhistas, nossa seguridade social, e contra esse governo fascista e antipovo de Jair Bolsonaro. Marchar em defesa das mulheres, da agroecologia, da agricultura familiar. Marchar em defesa dos nossos territórios é marchar em defesa da vida digna, do bem viver das mulheres e do mundo”.
Desde o início do ano, foram feitas muitas atividades de arrecadação para garantir o autofinanciamento das mulheres: “vendemos as rifas, fizemos um bazar na Feira das Manas, feira de economia solidária auto-organizada por mulheres. A Marcha está fazendo tudo em coletividade com outras organizações de mulheres”, disse Carolina. Segundo Thayná, da MMM do Rio Grande do Norte, muitas atividades foram planejadas durante o Encontro Estadual da Batucada Feminista, que reuniu jovens militantes de sete cidades. “Estão sendo feitos bazares nas praças e universidades, rifas de um balaio agroecológico que nos foi doado, venda de docinho, caderno lilás, entre outras coisas. Fizemos também um dia de oficina de batuque e palavra de ordem. Teremos uma linda ala da batucada feminista da Marcha!”
Nos últimos meses, foram muitas as atividades de confecção de materiais, de formação e de reflexão sobre os desafios de hoje para as feministas. Isso porque queremos ir fortes para a Marcha das Margaridas, e voltar mais fortes, para seguir a luta cotidiana em todas as regiões. No Rio de Janeiro, parte da mobilização acontece em conjunto com as mulheres do movimento sindical. No Ceará, as mulheres organizaram atividades em universidades, bairros como Altura Nunes e Pirambu, assentamentos como o Maceió e a Fazenda Aruana, e também encontros junto com a CUT e com o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste. “A expectativa agora é de que seja um momento de muita resistência contra o governo Bolsonaro”, diz a militante Ticiana Studart.
Arineide Carlos, também do RN, completou: “desde o mês de março, estamos realizando oficinas e atividades de debate sobre os eixos temáticos da Marcha das Margaridas. Essas atividades são construídas com os grupos de mulheres organizados nas comunidades rurais e com as comissões de mulheres dos sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores rurais. Estamos fazendo também várias atividades para conseguir recursos, como sorteios, feijoadas, bazares, campeonatos de futebol feminino e bingos de produtos da agricultura familiar (bingo de bode, de galinha caipira)… no nosso estado estamos todas em movimento para participar da Marcha das Margaridas, junto com as mulheres rurais, que fazem, de seus quintais, a sua resistência”.
O que vemos é que a luta das mulheres trabalhadoras, rurais e urbanas, quilombolas e indígenas, é gigante, e se mostra uma força necessária contra o ódio, o neoliberalismo, o conservadorismo e os retrocessos. A Marcha das Margaridas será um espaço de muita luta e de afirmação da agroecologia, da igualdade, da democracia e do fim da violência.
“O desafio que temos é o de estar em muitas mulheres lá, para garantir o que conquistamos, para denunciar o ataque da direita conservadora que está no poder e na sociedade, e continuar afirmando a nossa visão de mundo feminista, que não está só no futuro, está aqui e agora. Cada vez que a gente se organiza e se fortalece, já estamos vislumbrando esse outro jeito de viver que estamos construindo”, finaliza Miriam Nobre, militante da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo.
Credenciamento
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) abriu o sistema de credenciamento de profissionais da imprensa para a cobertura da Marcha das Margaridas 2019, que será realizada nos dias 13 e 14 de agosto, em Brasília. Interessados devem preencher o formulário online até a véspera do evento, dia 12 de agosto.
O credenciamento é obrigatório para a comunicadora ou comunicador ter acesso ao Pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, local onde serão realizadas as atividades das Margaridas no primeiro dia (13), bem como para realizar entrevistas, fazer vídeos ou fotos, seja para publicações em canais próprios ou institucionais.
As(os) profissionais de comunicação credenciadas(os) NÃO terão as despesas (alimentação, traslado e hospedagem) custeadas pela Contag ou pela coordenação da Marcha das Margaridas.
A Marcha das Margaridas, ao longo da sua história, tornou-se uma ampla ação estratégica das mulheres do campo, da floresta e das águas para conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena.
A 6ª Marcha das Margaridas é realizada pela Contag, suas 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de todo o País, além de ser apoiada por 16 organizações parceiras, entre movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.
O lema da 6ª Marcha é “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência”.
Fonte: CUT Minas