Cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a entrada da Mineradora Samarco, em Mariana (MG). A ocupação se deu juntamente com o Levante Popular da Juventude e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Com o lema “O lucro não vale a vida”, os trabalhadores têm como objetivo denunciar o modelo de mineração no país, que consideram como “modelo de morte”, “cuja impunidade tem sido a marca diante dos crimes cometidos por empresas como a Samarco, a Vale e BHP no estado de Minas Gerais”.
Na sexta-feira (5), completam-se seis anos do rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, que matou 19 pessoas da região.
Para Silvio Netto, da Direção Nacional do MST, o crime da Samarco em Mariana e o rompimento da barragem de Brumadinho, também em Minas Gerais, em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas, mostram como o modelo de mineração atual resulta em graves problemas.
“É importante ressaltarmos que esse modelo de mineração cria problemas ambientais e sociais, gera baixa arrecadação aos municípios, cria dependência e empregos que oferecem risco a toda a população mineira. Enquanto isso, toda a riqueza explorada beneficia o capital estrangeiro, materializado em empresas como a Samarco, a Vale e a BHP”, afirma Netto.
Seis anos depois, os produtores rurais do município de Mariana, atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão denunciam que não estão recebendo a alimentação adequada para a criação de animais. Isso tem levado ao adoecimento e morte de animais, prejuízos financeiros e destruição de uma das principais atividades econômicas da região, a pecuária. Há também famílias que perderam renda, mas não recebem o auxílio financeiro emergencial.
Em 2016, como mitigação, o Ministério Público de Minas Gerais e a empresa acordaram o pagamento, às famílias que perderam renda, do auxílio financeiro emergencial, em um salário mínimo mais 20% por dependente menor, além do valor de uma cesta básica. Atualmente, a administração do recurso e o pagamento desse direito está sob responsabilidade da Renova, uma fundação criada em 2016, vinculada às mineradoras.
Outra medida de mitigação acordada é a garantia de alimentação aos animais, visto que, com a contaminação do solo pelo rejeito da Samarco, cresceu a demanda por feno e silagem para o gado. Porém, atingidos apontam que têm recebido material vencido, mofado, apodrecido, em quantidades insuficientes, às vezes de maneira irregular. Também há queixas de plantio de capim em terreno onde houve contaminação pela lama.
Procurada, a Samarco ainda não se manifestou sobre as críticas.
Fonte: Brasil de Fato