A presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, morreu no domingo (20), aos 93 anos. A causa da morte ainda não foi esclarecida. A informação foi confirmada por diferentes fontes ligadas à ativista, entre elas a vice-presidente da Argentina, Christina Kirchner.
Em outubro, Hebe de Bonafini foi internada para realizar exames médicos, no Hospital Italiano da cidade de La Plata, em Buenos Aires. Três dias depois, ela recebeu alta. Mas, no início deste mês, ela voltou a ser hospitalizada.
A ativista foi uma importante liderança do movimento das Mães da Praça de Maio, que, na década de 1970, iniciou uma mobilização de busca pelos filhos desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar.
Além disso, ela foi um importante voz contra o imperialismo e o avanço do neoliberalismo na América Latina. Foi uma dura opositora aos governos liberais de Carlos Menem e Maurício Macri.
Nas redes sociais, a vice-presidente Christina Kirchner lamentou o falecimento da ativista. Disse que Hebe foi "símbolo mundial da luta pelos direitos humanos" e que ela era "um orgulho para a Argentina".
O presidente Alberto Fernandez também publicou uma mensagem em homenagem à Hebe de Bonafini. Ele escreveu que Hebe " foi uma lutadora incansável, sempre reivindicando verdade e justiça junto às mães e avós da praça de maio".
No Brasil, lideranças políticas como o deputado federal eleito, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Manuela D'ávila, que disputou a eleição de 2018 como vice-presidente de Fernando Haddad, relembraram a trajetória da ativista e a classificaram como uma lutadora incansável.
Trajetória
Hebe de Bonafini nasceu em 4 de Dezembro de 1928, em La Plata, na província de Buenos Aires. Aos 14 anos, em 1942, casou-se com Humberto Alfredo Bonafini, com quem teve três filhos. Dois deles, Jorge Omar e Raul Alfredo, foram sequestrados pela ditadura civil-militar argentina, em 1977. Um ano depois, o mesmo aconteceu com a sua nora, esposa de Jorge, Maria Elena Cepeda.
O sequestro dos filhos pela ditadura fez com que a vida de Hebe também se cruzasse com o de outras mães, cujos filhos haviam sido retirados a força do convívio familiar pela repressão. A revolta dessas mulheres se materializou no sábado, 30 de abril de 1977, quando realizaram a primeira marcha contra o governo, em frente á Casa Rosada.
O movimento cresceu e tomou dimensões internacionais. Hoje, aos 45 anos, ultrapassa a marca de mais de 2 mil marchas. O grupo se reúne sempre às quintas-feiras, às 15h30, na mesma praça há mais de quatro décadas. O espirito do movimento foi sintetizada pela própria Hebe de Bonafini, em outra oportunidade:
"Esta praça serve para isso: para gritar, denunciar, dizer, falar, sonhar. É muito bonito sonhar. Devemos fazer as coisas com alegria e amor. A revolução se faz com amor, não somente com armas".
Fonte: Brasil de Fato (PE)